O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, tem adotado uma abordagem mais cautelosa nos últimos meses ao lidar com casos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados. Essa mudança busca reduzir os atritos entre a corte e o Congresso, bem como os ataques de apoiadores de Bolsonaro contra o Judiciário.
Segundo fontes próximas ao Supremo, essa cautela visa evitar que a opinião pública passe a enxergar Bolsonaro como vítima de perseguição pelo STF. A adoção dessa postura partiu não apenas de Moraes, mas também de autoridades próximas, como o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Floriano de Azevedo Marques, e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Apreensão do passaporte e episódio na embaixada da Hungria
Em fevereiro, Bolsonaro teve o passaporte apreendido pela Polícia Federal por ordem de Moraes na Operação Tempus Veritatis, que investigou a tentativa de um golpe de Estado após sua derrota nas eleições de 2022. Desde então, não houve medidas mais drásticas contra o ex-presidente.
A revelação de que Bolsonaro passou dois dias na embaixada da Hungria após a apreensão do passaporte levantou a possibilidade de Moraes determinar sua prisão. No entanto, apesar de abrir um procedimento no STF e solicitar explicações, não houve consequências mais severas. O procurador-geral Gonet se manifestou contra a imposição de medidas mais duras, alegando que a estadia não infringiu as medidas impostas a Bolsonaro e que não haveria pressupostos para asilo diplomático.
Soltura de Mauro Cid e suspensão do julgamento de Jorge Seif
Em maio, Moraes soltou o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, mantendo integralmente seu acordo de colaboração premiada. No TSE, o julgamento sobre o senador Jorge Seif (PL-SC), que corria o risco de perder o mandato, foi suspenso para a produção de mais provas, uma decisão vista como uma forma de evitar mais atrito com o Congresso.
Embora Bolsonaro continue na mira de inquéritos que tramitam no Supremo sob a relatoria de Moraes, como o das milícias digitais e o dos incitadores e autores intelectuais dos ataques de 8 de janeiro, ambos foram prorrogados até o segundo semestre deste ano.