Um projeto de lei que tramita na Câmara Municipal de Salvador (CMS) propõe mudar o nome do bairro Beiru/Tancredo Neves para simplesmente “Beiru”. A iniciativa, de autoria do vereador Tiago Ferreira (PT), visa homenagear o escravo africano Gbeiru, fundador do local em 1983.
Segundo Ferreira, a mudança atende a um antigo pedido de moradores e do movimento negro, representando uma “reparação histórica” aos povos ancestrais. O documento afirma que, ao resgatar o nome original, “honramos a memória de Gbeiru, símbolo da resistência e da luta dos afrodescendentes por sua liberdade e reconhecimento”.
Reconhecendo a identidade afro-brasileira
O projeto destaca que a nova nomenclatura reconhece a história afro-brasileira e a luta contra o racismo. “A mudança do nome também abre espaço para o diálogo entre diferentes grupos da comunidade, promovendo a união e a consolidação da identidade local,” diz um trecho.
Ferreira questionou a necessidade de manter o nome do ex-presidente Tancredo Neves, que morreu em 1985, associado ao bairro. “Se a gente quer combater o racismo, porque tem que ter o nome de um ex-escravo e um ex-presidente para poder dar equilíbrio ao bairro? Sendo que a gente poderia fazer referência aquele que, de fato, tem história ali na região,” ressaltou.
Próximos passos
Após a análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da CMS, que receberá um parecer do relator, o projeto poderá ser encaminhado ao plenário para votação. Ferreira denunciou, porém, que seus projetos não têm sido avaliados pela comissão.
