Duas figuras proeminentes da cultura brasileira, Fabrício Boliveira e Evaldo Macarrão, compartilharam insights valiosos sobre a importância da afetividade e do combate ao racismo. Boliveira destacou que, nos últimos anos, as discussões sobre diferenças sociais e o papel dos cidadãos na luta contra o preconceito racial ganharam maior visibilidade, impulsionadas pelo acesso ampliado às universidades e pela criação de novas instituições de ensino superior no país.
“Com o passar do tempo, as conversas que antes aconteciam apenas dentro de nossas casas começaram a ecoar na sociedade. Isso levou muitas pessoas a repensarem seus conceitos de beleza e comportamento”, observou Boliveira.
Escuta acolhedora e apoio fundamental
Por sua vez, Evaldo Macarrão enfatizou a importância da escuta acolhedora e do apoio de pessoas brancas, especialmente aquelas que ocupam posições de poder, para erradicar o preconceito racial. “Esses movimentos existem há muito tempo. Agora, estão sendo vistos e reconhecidos dessa forma porque alguém está ouvindo, e esse alguém, infelizmente, é o branco, que detém o poder e ocupa esses espaços”, comentou.
O samba como símbolo de riqueza cultural e resistência
Durante o programa, Macarrão também falou sobre a importância do samba como símbolo da rica cultura e da resistência do povo negro, já que o ritmo surgiu no Recôncavo Baiano. “Emicida disse que o samba foi o Brasil que deu certo. Ele foi muito feliz nessa afirmação, pois o samba representa esse aquilombamento da grande dispersão, juntamente com a capoeira e o candomblé, dos povos que foram dispersos após a tragédia da escravidão”, enfatizou.
Além disso, Macarrão revelou a ligação afetiva que esse gênero musical tem com a relação com seu pai, falecido em junho de 2020. “Meu pai não sabia dizer ‘eu te amo, meu filho’, mas ele chegava até mim, pegava o repique e cantava: ‘descobri que te amo demais'”, relembrou, fazendo referência à música “Verdade”, escrita por Nelson Rufino.