A Federação Única dos Petroleiros (FUP) encerrou a vigília de 15 dias em frente à sede da Petrobras no Rio de Janeiro em defesa dos aposentados e pensionistas que não recebem integralmente os benefícios devido aos descontos dos Programas de Equacionamento de Déficits (PEDS) do fundo de pensão Petros. A decisão de encerrar o movimento foi tomada nesta quinta-feira, 4 de maio.
Segundo o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e a diretora de Assuntos Corporativos, Clarice Coppetti, comprometeram-se a formar uma comissão quadripartite. Esta comissão incluirá representantes da Petrobras, da Petros, do Fórum em Defesa dos Participantes e Assistidos da Petros, e da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC). “A comissão já foi formalizada e deve se reunir na próxima semana”, afirmou Bacelar.
Bacelar também respondeu às críticas de que a FUP estaria alinhada com o governo Lula e, por isso, não faria mais greves ou protestos. “Destacamos nosso compromisso com a autonomia e independência sindical, independentemente dos governos ou patrões,” declarou. Ele ressaltou que a vigília pressionou a gestão da empresa para avançar nas negociações e que novas manifestações podem ocorrer se as reuniões não começarem.
O coordenador afirmou que a luta dos aposentados e pensionistas pode ser deslocada para Brasília, mobilizando mais pessoas. “Não é aceitável que trabalhadores que contribuíram por 40 anos não tenham uma aposentadoria digna. Muitos estão sem receber os benefícios necessários para pagar suas contas,” disse Bacelar. Ele criticou a gestão do fundo Petros, que acumula um déficit de R$42 bilhões, mas apontou que os trabalhadores não podem ser responsabilizados por esses erros. “Os trabalhadores sequer têm acesso à gestão da Petros, ao contrário de outros fundos de pensão como a Funcef,” finalizou.
Questionado sobre a possível interferência do movimento sindical no governo Lula, Bacelar foi enfático ao dizer que a pressão pela esquerda é crucial para que o governo cumpra seu programa. “Sabíamos que o governo seria pressionado pela direita, mas o movimento sindical e os movimentos sociais precisam cumprir seu papel de pressão e suporte,” concluiu.