Em Salvador, o rock baiano se destaca pela fusão de ritmos e pela resiliência dos artistas que mantêm o gênero vivo na capital. Ícones do rock na Bahia, como Raul Seixas e Pitty, são conhecidos por suas experimentações musicais, misturando rock com baião e ritmos caribenhos, respectivamente. Essa tradição de fusão continua a influenciar a cena local.
Marcos Clement, de 43 anos, se apresenta no Dia Mundial do Rock, homenageando Raul Seixas. Para ele, a integração de ritmos é uma inspiração direta do ídolo. “Raul via a conexão entre o rock de Elvis Presley e o baião de Luiz Gonzaga”, destaca Clement, que desde criança é fã do roqueiro baiano.
A irreverência e a diversidade também são marcas registradas do rock na Bahia. Nancy Viegas, fundadora da banda Crac!, afirma que a luta contra os padrões e a mistura de gêneros são fundamentais para o rock. “Sem fusão, o rock não existiria”, explica Nancy, referindo-se às raízes afro-americanas do gênero.
Rex, baterista da banda Retrofoguetes, enxerga o distanciamento do Sudeste como um fator que contribuiu para a originalidade do rock baiano. “A distância impôs uma maior seriedade e dedicação à qualidade musical”, comenta Rex.
Desafios e Resistência
A cena do rock em Salvador enfrenta grandes desafios financeiros. Bandas muitas vezes precisam financiar suas participações em festivais fora da cidade. Nancy Viegas acredita que a cena local tem potencial para ganhar destaque nacional e internacional, mas ressalta a necessidade de apoio conjunto entre artistas, público e políticas públicas.
Tonzinho, proprietário da casa de shows Brothers of Metal, trabalha para descentralizar a cena do rock, levando-a para bairros periféricos como Cajazeiras. Ele apoia artistas como a drag queen Midorii Kido, que enfrenta preconceitos dentro da própria comunidade do rock. “O rock é, por essência, um movimento de protesto e liberdade”, afirma Tonzinho.
A Nova Geração
Nancy comemora o interesse crescente dos jovens pelo rock e destaca a importância de focar no estudo e no trabalho para renovar a cena. “A nova geração está se aprofundando na música, o que naturalmente traz uma renovação”, diz a cantora.
Enquanto isso, Tony Lopes, dono da casa de shows Blá Blá Blá, observa que a falta de recursos impacta principalmente as bandas autorais. Mesmo assim, ele acredita que Salvador tem espaço tanto para o público de classe média alta quanto para os fãs de bairros periféricos, contanto que haja incentivo e promoção adequados.
O futuro do rock baiano depende de esforços coletivos para superar desafios financeiros e preconceitos, mantendo viva a mistura de ritmos e a originalidade que caracterizam a cena local.