Conceição Evaristo, uma das figuras mais influentes da literatura contemporânea, participou de um evento em Salvador nesta sexta-feira, 12, para discutir a inserção das mulheres negras na comunicação. O evento, parte do Julho das Pretas, foi organizado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado (SPM) e lotou o auditório da Procuradoria Geral do Estado (PGE) com um público ansioso para ouvir a escritora.
A autora de obras notáveis como “Ponciá Vicêncio”, “Becos da Memória” e “Olhos d’Água” fez sua primeira viagem de avião pelo Brasil desde o início da pandemia para participar do evento. Durante sua fala, Evaristo refletiu sobre seu papel pioneiro na literatura e sua candidatura à Academia Brasileira de Letras (ABL).
Evaristo, que já fez história como a primeira mulher negra a integrar a Academia Mineira de Letras, expressou sua esperança de também se tornar imortal pela ABL. “Para mim, a grande mudança da academia foi ter assumido Ailton Krenak. Eu acho que, na medida que a Academia Brasileira de Letras incorpora um sujeito indígena com a suas sabedorias, a gente pode guardar uma expectativa, mas o que eu tenho dito: o importante não é ser a primeira, o importante é abrir perspectiva”, afirmou.
A escritora reconheceu o impacto de sua candidatura histórica, que abriu novas possibilidades para futuras gerações de mulheres negras. “Eu sei que a minha candidatura foi histórica, ela abriu perspectiva, acho que, de certa forma, ela desconcerta a Academia. Ela obrigou a Academia a pensar. Então, se não for eu, acho que outra mulher negra no futuro vai estar na Academia Brasileira de Letras”, concluiu.