Elisa Lucinda, atriz, poetisa e ativista, revelou seu sonho de ver o futuro da dramaturgia protagonizado por pessoas negras. Ela compartilhou essa visão durante sua participação no evento ‘Negritudes Globo’ em Salvador, onde discutiu a importância das narrativas orais como forma de resistência.
Segundo Lucinda, a presença de pessoas negras em diversos setores da dramaturgia, como roteiro, direção de arte e figurino, é fundamental para uma representação mais autêntica e inclusiva. Ela criticou a formação atual na direção de arte e na produção de filmes, destacando que “há um atraso imenso”, e que por muito tempo a indústria funcionou sem considerar a participação de pessoas negras.
Além disso, Lucinda fez duras críticas ao racismo estrutural e à perpetuação de estereótipos heroicos brancos na cultura. Criticando a idealização europeia, afirmou que “a Europa não tá com nada” e enfatizou a necessidade de desconstruir esses ideais para combatê-los.
Em conversa com o jornal, Lucinda refletiu sobre sua trajetória e a constante luta contra o racismo que permeia suas vivências. Ela destacou a importância de eleger gestores negros para mudar o cenário na Bahia e criticou o controle branco sobre eventos culturais, como o carnaval.
Lucinda ainda abordou a resistência às exigências de alisamento de cabelo para papéis específicos e destacou o sucesso da novela ‘Vai na Fé’, que contou com um elenco majoritariamente negro e se tornou uma das produções mais rentáveis da emissora.