Durante as eleições presidenciais da Venezuela, realizadas no último domingo (28), venezuelanos residentes em Brasília expressaram suas esperanças por mudança e pela necessidade de que os resultados eleitorais sejam respeitados. Manuel Quilarque, um jornalista que viajou de São Paulo até a Embaixada da Venezuela na capital federal, destacou a importância do voto para a reinstitucionalização do país, que enfrenta uma grave crise sob o governo de Nicolás Maduro, no poder desde 2013. Este pleito é o primeiro em que toda a oposição concordou em participar desde 2015, após anos de boicote às eleições.
Dos aproximadamente 500 mil venezuelanos vivendo no Brasil, apenas 1.059 conseguiram se registrar para votar. Quilarque, que reside no país há 15 anos, afirmou que não enfrentou dificuldades para votar, ao contrário de seu irmão que vive na Espanha e não conseguiu se registrar. Ele comentou sobre a confiabilidade do sistema eleitoral, mas alertou que problemas estruturais podem comprometer a integridade do processo.
As pesquisas eleitorais na Venezuela apresentam resultados divergentes, com algumas indicando uma vitória do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, enquanto outras favorecem Maduro. A eleição ocorre em um contexto de dificuldades logísticas e financeiras, especialmente após o fechamento dos consulados venezuelanos no Brasil em 2019, o que limitou a votação a Brasília.
A participação nas urnas foi baixa. Quilarque estimou que, no máximo, 30 pessoas teriam votado, devido às distâncias e aos custos envolvidos para os que vivem em regiões remotas. As autoridades da embaixada não foram alcançadas para comentar a situação, mas informaram que a votação transcorria normalmente.
Além de Quilarque, outras venezuelanas, como a advogada Paula Marcondes, e a analista de sistemas Sônia Mejia, também viajaram para Brasília com o objetivo de votar. Marcondes, que não conseguiu registrar seu voto, manifestou apoio à oposição, expressando esperança de que mudanças positivas possam ocorrer. Mejia, que se disse feliz por ter exercido seu direito de voto, espera que o resultado reflita a vontade do povo venezuelano e traga progresso ao país.
A Venezuela enfrenta um bloqueio financeiro e comercial desde 2017, o que, combinado com a crise econômica, levou à migração de mais de 7 milhões de pessoas. Apesar de sinais de recuperação econômica desde 2021, o país continua a lutar contra a hiperinflação e a deterioração dos serviços públicos. As recentes denúncias de prisões de opositores e a resistência de alguns candidatos da oposição em reconhecer os resultados eleitorais levantam incertezas sobre o futuro do país após as eleições.