A produção cinematográfica baiana tem se destacado pela representação de jovens em processos de amadurecimento, especialmente em cenários do interior da Bahia. Um exemplo recente é “Filho de Boi”, dirigido por Haroldo Borges, que agora é lançado comercialmente nos cinemas brasileiros após sua estreia internacional no Festival de Busan, na Coreia do Sul, em 2019. O filme, que havia sido exibido no Brasil durante a pandemia em festivais online, retorna às telas trazendo uma visão sensível sobre a vida no sertão.
A narrativa gira em torno de João, interpretado por João Pedro Dias, um garoto que vive em uma comunidade rural e se vê atraído pelo circo Papa-Léguas, que chega à sua cidade. A curiosidade de João pelo espetáculo circense contrasta com a rigidez de seu pai viúvo, que o prepara para uma vida de trabalho árduo. Filmado em Poço de Fora, no distrito de Curaçá, “Filho de Boi” adota uma abordagem naturalista, característica de muitas produções que exploram a vida sertaneja, apresentando uma visão mais afetuosa e coletiva em comparação com outros filmes do gênero.
O circo surge como uma possibilidade de mudança na vida de João, simbolizando uma fuga de sua realidade, embora o filme também retrate os desafios e sacrifícios da vida circense. Ao longo da trama, o protagonista desenvolve uma relação de apoio com Salsicha, um artista do circo, que o ajuda a se adaptar a esse novo mundo. Essa dinâmica reflete questões sobre masculinidade e identidade em um contexto sertanejo.
“Filho de Boi” oferece uma reflexão sobre os anseios e desafios enfrentados por jovens em busca de seus próprios caminhos, tudo isso emoldurado pelas paisagens duras e belas do sertão. O filme, portanto, convida o público a reavaliar a complexidade das relações familiares e as aspirações de um garoto que se vê dividido entre o legado de seu pai e os sonhos que o circo representa.