Mães de crianças com autismo estão levantando preocupações sobre transferências impostas por planos de saúde que, segundo elas, podem prejudicar o tratamento de seus filhos. Casos como o de Liliane, mãe de Jorge, e Márcia, mãe de Téo, exemplificam as dificuldades enfrentadas pelas famílias. Liliane relata que recebeu a notícia de que seu filho seria transferido para uma nova clínica, a partir de setembro, sem considerar o vínculo estabelecido na atual, que oferece um tratamento multidisciplinar essencial para o desenvolvimento de Jorge. A nova clínica, conforme apontou, não dispõe de todas as especializações necessárias, o que levanta questionamentos sobre a eficácia do tratamento.
Da mesma forma, Márcia expressou sua preocupação com a transferência de Téo para uma clínica que, segundo ela, não possui profissionais qualificados para atender às necessidades específicas do filho. Téo, que precisa de terapias direcionadas ao seu quadro de autismo nível 2, teve seu atendimento garantido por uma prestadora externa que oferecia todos os cuidados exigidos. A mudança de clínica, a partir de setembro, ameaça comprometer os avanços conquistados até agora.
Essas experiências se somam a um movimento mais amplo entre pais que se sentem abandonados pelos planos de saúde. Algumas mães já estão buscando apoio legal para garantir que seus filhos continuem recebendo o tratamento adequado. Elas argumentam que as mudanças operadas pela Unimed não apenas ignoram os laudos médicos, mas também comprometem o progresso das crianças. O advogado especializado em Transtorno do Espectro Autista, Marco Aurélio Maia, destaca que essa realocação a clínicas com infraestrutura inferior vai contra as normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que determinam que a nova localização deve oferecer um padrão igual ou superior de atendimento.
A ANS, em 2022, introduziu uma normativa que visa ampliar as regras de cobertura assistencial para indivíduos com transtornos de desenvolvimento, incluindo o autismo. A reportagem tentou contato com a Unimed para obter um posicionamento, mas a empresa ainda não se manifestou sobre as alegações.