O apresentador Sílvio Santos, que faleceu no último sábado, 17, é uma figura envolta em complexidades históricas, especialmente em sua ligação com a ditadura militar que governou o Brasil de 1964 a 1985. A trajetória empresarial de Santos está intrinsecamente ligada aos apoios que recebeu durante esse período, destacando a influência do presidente João Figueiredo, o último a ocupar o cargo sob o regime militar, que possibilitou a criação do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT).
Durante sua carreira, o empresário manteve laços com políticos de direita, recebendo vantagens significativas, inclusive durante o governo de Jair Bolsonaro. O ministro das Comunicações do governo Bolsonaro, Fábio Faria, é seu genro, sinalizando uma continuidade de dessa conexão política.
Um dos episódios marcantes foi a compra de 70 mil hectares de terras em Barra do Garças, no Mato Grosso, em 1972, sob a administração do regime de Emílio Garrastazu Médici. Este ato se deu em um contexto em que o estado era governado por José Fragelli, membro do partido Arena, que sustentava o regime militar. A relação de Santos com Délio Jardim de Matos, então Ministro da Aeronáutica, também foi crucial para seu sucesso, conforme admitido pelo próprio apresentador em uma entrevista de 2018.
O SBT, durante o governo de Figueiredo, veiculou um quadro intitulado “Semana do Presidente”, que celebrava as ações do governo militar. Em 2020, Santos tentou ressuscitar essa prática, mas retirou o programa após receber críticas por seu conteúdo considerado excessivamente elogioso ao regime. Em 2018, o canal também foi criticado por exibir vinhetas durante intervalos comerciais que relembravam slogans da ditadura, como “Brasil, ame-o ou deixe-o”, o que gerou indignação, levando à retirada imediata da peça publicitária.
Mais recentemente, a emissora enfrentou um contexto de censura quando decidiu suspender a exibição de seu telejornal após a divulgação de um vídeo da reunião ministerial de Bolsonaro, que continha declarações polêmicas de ministros. O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) manifestou seu descontentamento, ressaltando a responsabilidade de Sílvio Santos como concessionário de um serviço público e a necessidade de cumprir requisitos legais que proíbem o uso da televisão para interesses políticos pessoais.
Isso aeee. As máscaras caem. A história fala mais alto do que “fake news” e mitos.
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