A economia solidária no Brasil tem ganhado destaque através dos princípios de coletividade e respeito ao meio ambiente, conforme ressalta Jairo Santos, secretário executivo da Rede de Gestores de Políticas Públicas de Economia Solidária. Em uma recente entrevista, ele enfatiza que esse modelo de produção e convivência promove a democracia na prática e a autogestão, permitindo que as comunidades participem ativamente do processo produtivo.
Segundo Santos, a economia solidária, que se desenvolveu no Brasil a partir dos anos 1980, surge como resposta a crises econômicas e desemprego, com trabalhadores transformando fábricas em cooperativas. Um exemplo notável é a Uniforja em Diadema, São Paulo, que emprega mais de 300 pessoas e opera com gestão coletiva há mais de 25 anos.
Os princípios fundamentais incluem a autogestão e o comércio justo, que buscam garantir que os produtores tenham acesso ao que fabricam. Santos aponta que, atualmente, existem cerca de 23 mil empreendimentos de economia solidária espalhados por 2.760 municípios brasileiros, com um forte enfoque na agricultura familiar e na produção artesanal.
A Bahia lidera em políticas de economia solidária, possuindo uma estrutura pública que apoia grupos e cooperativas. A Secretaria do Trabalho da Bahia, por exemplo, possui uma Superintendência de Economia Solidária que atua em diversos territórios, oferecendo assistência técnica a empreendimentos.
Entretanto, a falta de uma Lei Nacional de Economia Solidária é um dos principais desafios enfrentados. Desde 2011, há um projeto de lei no Congresso que visa reconhecer a economia solidária como parte da ordem econômica do país. Santos destaca a importância dessa regulamentação para garantir segurança jurídica e apoio financeiro mais robusto ao setor.
O movimento também busca fortalecer suas bases através de conferências e encontros, como a Conferência Nacional de Finanças Solidárias que ocorrerá em Salvador. O evento reunirá representantes de bancos comunitários e instituições de microcrédito, discutindo formas de revitalizar e expandir a economia solidária no Brasil.
Em suma, a economia solidária representa uma alternativa viável e inclusiva para a organização do trabalho e a produção no Brasil, mesmo diante dos desafios estruturais que ainda persistem.