As eleições municipais em Salvador trouxeram à tona um desempenho desfavorável da esquerda, suscitando uma análise dos fatores que levaram a essa situação. Esta foi a primeira eleição na capital baiana desde a ascensão do PT ao governo estadual em 2006. Ao contrário de anos anteriores, onde havia uma dispersão de candidaturas, a estratégia foi unificar a base em torno da candidatura do vice-governador Geraldo Júnior (MDB).
A estratégia do senador Jaques Wagner (PT) visava posicionar a candidatura de Geraldo no espectro central e à direita, buscando captar votos da parte da esquerda. A expectativa era superar os 35,49% de votos que Jerônimo obteve no segundo turno. Além disso, a força do lulismo em Salvador poderia facilitar a captura de eleitores mais inclinados à direita, mas a campanha de Geraldo enfrentou obstáculos significativos.
O principal desafio foi a pré-campanha tardia de Geraldo, que não conseguiu se conectar com os públicos lulista e petista. Em contraste, Bruno Reis, o prefeito reeleito, se destacou ao se posicionar como um candidato próximo do povo, enfatizando a continuidade da gestão atual.
O erro tático mais notável foi a apresentação tardia de Geraldo, que não se firmou como uma liderança autêntica da esquerda. Isso permitiu que Kleber Rosa (PSOL) emergisse como uma alternativa, conquistando 10,43% dos votos válidos, um sinal evidente de rejeição à estratégia do PT.
Os resultados foram expressivos: o PT viu sua votação para vereador cair de 94.775 votos em 2020 para 67.382 em 2024, resultando em uma queda de 28,92%, além da perda de três cadeiras na Câmara Municipal, enquanto o PSOL aumentou sua representação de uma para duas vagas.