A questão da reintegração das vítimas de trabalho escravo na Bahia é uma preocupação crescente, evidenciada pelo resgate de 35 trabalhadoras domésticas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) entre 2017 e 2024. Muitas dessas mulheres, submetidas a condições de trabalho extremas por décadas, enfrentam um caminho difícil após a libertação.
No dia 7 de julho, o cantor Leonardo foi incluído na lista de empregadores que exploram trabalho análogo à escravidão, onde também estão 24 outros empregadores na Bahia. Madalena Santiago da Silva, 64 anos, que trabalhou mais de 50 anos sem remuneração, compartilhou seu relato de abusos e a luta por uma vida digna após receber R$ 100 mil de indenização. Apesar de algumas melhorias, as sequelas emocionais e físicas permanecem.
Valdirene Boaventura Santos, do Sindicato das Empregadas Domésticas da Bahia, ressalta que o resgate por si só não é suficiente. Muitas vítimas desenvolvem dependências emocionais e enfrentam dificuldades para se reintegrar à sociedade. Marilene da Silva, com 41 anos de experiência em condições semelhantes, destacou as barreiras enfrentadas na busca por um lar e um emprego, refletindo a necessidade de uma rede de apoio abrangente.
A coordenadora de um programa de enfrentamento ao tráfico de pessoas, Hildete Nogueira, observa que, além da saúde mental, é fundamental trabalhar a educação e a autonomia financeira das vítimas, permitindo que construam um futuro melhor. “Precisamos de uma abordagem integrada para garantir que essas pessoas tenham os cuidados necessários e possam sonhar novamente”, afirma.