Os advogados da BHP, uma mineradora de origem anglo-australiana, deram início à sua defesa nesta quarta-feira, 23, em um tribunal britânico, onde a empresa é julgada por sua responsabilidade no colapso da barragem de Mariana, ocorrido em Minas Gerais no ano de 2015. Este é o terceiro dia do julgamento, que teve as etapas iniciais dedicadas às alegações das vítimas, que buscam a responsabilização da BHP.
A barragem era de propriedade da Samarco, uma joint-venture formada pela Vale e pela BHP Brasil. O escritório de advogados Pogust Goodhead, que representa um total de 620 mil pessoas, 1.500 empresas e 46 municípios afetados, argumenta que as decisões relativas à Samarco precisavam ser ratificadas por ambas as acionistas, BHP e Vale. Além disso, os reclamantes sustentam que a BHP tinha conhecimento dos riscos associados à barragem.
A empresa nega as acusações e refuta a ideia de que possuía um controle significativo sobre a Samarco, afirmando que a mineradora sempre operou com gestão independente. “Estamos colaborando com a Samarco e a Vale para garantir um processo contínuo de reparação e compensação no Brasil”, declarou a BHP.
Nos próximos dois dias, a BHP apresentará sua defesa ao tribunal em Londres. A audiência contará com a oitiva de testemunhas nas seguintes três semanas, além da convocação de especialistas que explicarão à juíza Finola O’Farrell as leis ambientais, civis e societárias brasileiras. A previsão é de que o processo se estenda até março de 2025, seguido por um período adicional de três meses para a juíza formular seu veredicto. Nessa fase inicial, será decidido apenas se a BHP é responsável ou não pelo desastre, enquanto um novo julgamento será necessário para determinar quaisquer indenizações, caso a empresa seja condenada.