Salvador viveu um dia de celebração e resistência no último domingo, durante a 20ª Caminhada pelo Fim da Violência e do Ódio Religioso, que percorreu as ruas do Engenho Velho da Federação. O evento, que reuniu adeptos das religiões de matriz africana e seus aliados, simboliza a luta contra a intolerância religiosa e o racismo estrutural que ainda persiste no Brasil.
Iniciando às 14h no busto de Mãe Runhó, a caminhada fez paradas em terreiros icônicos como Ode Mirim, Gantois e Casa Oxumarê. O tema deste ano, “Resistência e Fé contra o Racismo e o Ódio Religioso”, reflete a necessidade de união e luta em tempos de discriminação. Mãe Valnizia Bianch, ialorixá do Terreiro do Cobre, enfatizou a importância de celebrar a ancestralidade e a luta histórica do povo de axé: “A rua é nosso templo, nosso espaço de luta e fé. Cada passo é carregado da força dos nossos ancestrais”.
Ana Célia da Silva, uma das vozes proeminentes na luta contra a intolerância, destacou a demonização das religiões afro-brasileiras como uma tentativa de apagar sua história. O evento também marcou a entrega do busto requalificado de Mãe Runhó, um símbolo de resistência e valorização da cultura afro. A caminhada é, para muitos, uma oportunidade de renovar energias e celebrar a riqueza das tradições afro-brasileiras, unindo pessoas de diferentes localidades em prol de um futuro mais respeitoso e diverso.