Embora seja amplamente reconhecido como um fator de risco para o câncer de pulmão, o cigarro também desempenha um papel crucial no desenvolvimento do câncer de bexiga. Fumantes têm até três vezes mais chances de contrair a doença, que é o sétimo tipo mais comum de câncer no Brasil, resultando em aproximadamente 20 mil óbitos anualmente.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta que entre 50% e 70% dos casos de câncer de bexiga estão associados ao tabagismo. Além disso, a idade e fatores genéticos contribuem para o surgimento da doença, que afeta predominantemente homens, na proporção de três para um. Somente em Salvador, são diagnosticados cerca de 160 novos casos a cada ano.
O urologista Juarez Andrade esclarece que o cigarro contém diversas substâncias químicas cancerígenas que são eliminadas pela urina. “Embora a fumaça seja inicialmente absorvida pelos pulmões, esses agentes entram na corrente sanguínea e são filtrados pelos rins, causando irritação contínua que pode transformar células normais em células cancerígenas”, explica.
O especialista ressalta ainda que o tabagismo não só aumenta a incidência de câncer, mas também influencia a agressividade do tumor e complica o tratamento. A detecção precoce é desafiadora, pois o câncer de bexiga é frequentemente assintomático nas fases iniciais. O médico destaca a importância de consultas regulares e alerta para sintomas como sangramento na urina.
O diagnóstico é confirmado por meio da cistoscopia, um exame que permite a visualização da bexiga. Dependendo do estágio do tumor, o tratamento pode variar de simples raspagens a cirurgias complexas que envolvem a remoção parcial ou total da bexiga. Em casos mais avançados, tratamentos complementares como quimioterapia e imunoterapia podem ser necessários.
A oncologista Stella Dourado também enfatiza a importância de evitar o tabaco e manter uma rotina de cuidados, mencionando que infecções urinárias frequentes e a exposição a produtos químicos podem aumentar o risco de câncer de bexiga. Ela ainda alerta sobre os perigos dos cigarros eletrônicos, que podem ser tão prejudiciais quanto os convencionais.