Com a entrada em vigor da Lei nº 15.100/2025, a partir de ontem, o uso de aparelhos eletrônicos, incluindo celulares, foi proibido nas escolas brasileiras, tanto na rede pública quanto na privada. A nova regulamentação visa mitigar os impactos negativos do uso excessivo desses dispositivos no ambiente escolar, especialmente durante os intervalos.
As instituições de ensino agora estão desenvolvendo estratégias para assegurar que a lei seja cumprida, enquanto aguardam a regulamentação que será publicada pelo Ministério da Educação (MEC) nos próximos dias.
Alunos, como Emily Ventura, de 17 anos, do Colégio Vitória Régia, expressam uma mistura de sentimentos em relação à nova regra. “Gosto muito de acessar as redes sociais pelo celular, mas tenho senso, entende? Nunca gostei de usar em sala de aula. Distrai muito, tira a atenção de muita gente. Com a lei, sinto que a sala fica mais junta, atenta e unida”, afirmou. Ela também mencionou a dificuldade de não usar o celular durante os intervalos, mas acredita que todos se acostumarão.
A diretora pedagógica do Colégio Vitória Régia, Débora Bove, comentou sobre a resistência inicial dos alunos à nova lei. “Mudar um hábito demora. Estamos fazendo um desmame tecnológico. Agora, os estudantes jogam dominó, Uno, vôlei, e conversam olho no olho. É lindo de ver, mas é algo que eles estão reaprendendo a fazer”.
O presidente do Conselho Estadual de Educação da Bahia, Roberto Gondim, destaca a necessidade de um suporte contínuo para professores e profissionais de educação, a fim de lidar com a ausência de eletrônicos. Ele também enfatiza a importância de criar ambientes de escuta e acolhimento nas escolas, em colaboração com as famílias, para que os jovens possam se adaptar a essa nova realidade.
Estudantes como Bento Ponte Mello, de 13 anos, do Módulo Bernoulli, relataram que a lei não os afetou muito, pois já não utilizavam o celular com frequência na escola. No entanto, seu irmão Nuno, de 15 anos, mencionou as desvantagens da proibição, especialmente a perda da praticidade de buscar informações durante as aulas.
As escolas, como o Colégio Miró, implementaram estratégias, como o uso de caixas para armazenar os celulares durante as aulas, que serão devolvidos apenas ao final. Jorge Tadeu Coelho, presidente do Sindicato das Escolas Particulares da Bahia, ressalta que a escola deve atuar como mediadora entre as crianças e a tecnologia.
Manoel Calazans, assessor especial na Secretaria de Educação do Estado da Bahia, destacou a importância de mobilizações e campanhas de conscientização, além de suporte psicológico, para auxiliar os alunos nesse período de adaptação. Ele enfatiza que a colaboração das famílias é fundamental para que as restrições na escola sejam efetivas.