Lead: Dois artistas de rua do nordeste, José Marcos Reis e Vitor Souza, constroem suas trajetórias através da performance de estátua viva, enfrentando desafios e desenvolvendo habilidades técnicas para se manterem no mercado.
José Marcos Reis iniciou sua carreira aos 17 anos em Porto Seguro, subindo em um banquinho no centro e permanecendo por horas como estátua viva. Sem recursos financeiros e com pouca experiência, ele improvisava com produtos caseiros até adquirir a tinta adequada após dois anos. Chegou à cidade em 2000, fugindo de Belmonte, e encontrou na performance uma forma de garantir seu sustento.
Vitor Souza, de 32 anos, iniciou sua trajetória em São José do Rio Preto, em 2013, quando se encontrava em situação de desemprego. Ao observar uma estátua viva, aproximou-se para aprender a técnica. Com apoio recebido na hora, passou a atuar como artista de rua e, a partir de então, apresenta-se em bairros de Salvador, onde atingiu um faturamento expressivo durante períodos de alta visitação turística.
Ambos os artistas enfrentam desafios relacionados à instabilidade financeira, às condições climáticas, à insegurança e a episódios de abusos durante as apresentações. Marcos relata casos de assédio enquanto Vitor já sofreu agressões físicas e ofensas. Apesar disso, cada um adapta suas rotinas para preservar sua performance: Vitor investe cerca de 30 minutos para se transformar com a pintura corporal, e Marcos, que também produz empadas para complementar a renda, leva de 10 a 90 minutos conforme o personagem escolhido.
A rotina dos artistas de rua é detalhada: Vitor se apresenta principalmente em Salvador, trabalhando em dias alternados e percorrendo pontos turísticos como o Pelourinho e o Farol da Barra; enquanto Marcos opta pelas apresentações noturnas na Praça Inaiá, quando o calor diminui. A persistência e a técnica desses profissionais ressaltam a realidade dos artistas de rua no contexto cultural nordestino.
O Festival Internacional de Artistas de Rua da Bahia, idealizado por Selma Santos, também é citado como importante iniciativa de valorização e difusão desta arte. Com 17 edições, o festival reúne diversos profissionais, contando com palestras e a seleção de grupos para apresentações, incentivando a continuidade e o aprimoramento desse ofício.