A URBIS, criada em 1965, foi responsável pela entrega de mais de 90 mil unidades habitacionais em pouco mais de três décadas, marcando uma etapa importante na urbanização da Bahia. Desde 1998, a empresa está em processo de liquidação, tendo seus contratos considerados quitados a partir de 2002.
Em Salvador, o primeiro conjunto foi o de Sete de Abril, erguido em 1967, com 500 moradias. Outros bairros como Castelo Branco, Cabula, Alagados, Mussurunga e diversos outros receberam as intervenções da Urbis, destacando o complexo que reúne Cajazeiras e Fazenda Grande, com 21.984 residências em uma área de 22 milhões de metros quadrados.
Além de Salvador, 91.282 unidades foram construídas em 67 cidades da Bahia, com Feira de Santana, Vitória da Conquista e Camaçari entre as localidades com maior concentração. Nos conjuntos da Região Metropolitana, surgiram as glebas com infraestrutura completa, originalmente direcionadas a trabalhadores do pólo petroquímico de Camaçari, como a Gleba C.
Esse cenário também é ilustrado pelas histórias dos moradores. Cecília Maria da Conceição, por exemplo, garante que a ocupação dos imóveis consolidou sua vida, enquanto a arquiteta Cristina Ventura Araújo, que iniciou sua carreira na Urbis em 1971, relembra a importância dos projetos habitacionais para o acesso à moradia.
Atualmente, a gestão da Urbis concentra esforços na regularização fundiária, com mutirões que resultaram na entrega de mais de 5.300 escrituras nos últimos dois anos, beneficiando 50 mil famílias. Cerca de 40 mil imóveis ainda aguardam conclusão, enquanto a empresa enfrenta passivos de R$ 94 milhões em obrigações judiciais e um débito de R$ 35 milhões em empréstimos, o que torna a liquidação para 2027 improvável.