A Cidade do Saber em Camaçari, um lugar de cultura e esporte, está prestes a renascer! O espaço, que já ofereceu oportunidades para 5 mil jovens em situação de vulnerabilidade, tem uma nova chance de brilhar. A ideia é formar cidadãos e artistas, mas, nos últimos 8 anos, o projeto ficou meio de lado.
Durante a gestão do ex-prefeito Elinaldo Araújo, a Cidade do Saber perdeu força, com a saída de alunos e professores. Agora, com Luiz Caetano de volta à prefeitura, a prioridade é revitalizar o local. Mas, calma, não vai ser do dia para a noite: é preciso organizar as finanças e conseguir investimentos para recuperar a estrutura e contratar profissionais.
A secretária de cultura, Elci Freitas, já está trabalhando duro para isso. Logo que assumiu a pasta, precisou devolver R$ 2,5 milhões da lei Paulo Gustavo, que não foram usados na gestão anterior. E isso pode atrapalhar a aprovação de novos projetos. Por isso, Elci foi conversar com a ministra da Cultura, Margareth Menezes, para evitar que o município seja prejudicado.
Sem essa grana da Paulo Gustavo, Elci está preparando o lançamento de editais da Lei Aldir Blanc, que somam quase R$ 2 milhões. O objetivo é ativar a cena cultural e selecionar pessoas para ministrar oficinas na Cidade do Saber. Se tudo correr bem, isso deve acontecer a partir de julho.
Só que, tirando os editais, a secretaria tem pouquíssimo dinheiro para investir na Cidade do Saber e em outros espaços culturais da cidade. A secretária ficou surpresa com os valores gastos nas obras de reforma das praças de Camaçari. Essas obras, que foram feitas com empréstimos, estão sendo pagas com a verba da cultura.
As reformas das praças Abrante e Desembargador Montenegro, e também do Cineteatro, foram incluídas no orçamento da cultura como parte do ‘centro histórico’, mesmo sem tombamento. Até agora, essas obras já consumiram R$ 3,750 milhões do município, fora o empréstimo da Caixa, totalizando R$ 6 milhões.
Reforma com Problemas
E a situação é ainda mais complicada porque a reforma feita na gestão anterior deixou vários problemas. Foram gastos R$ 12 milhões, mas, segundo os funcionários, o espaço ficou pior do que antes. Uma auditoria será feita para investigar o uso do dinheiro.
O palco do teatro, que é o segundo maior da Bahia, ainda tem infiltrações. Quando chove, a água cai na plateia. A porta de emergência não abre, o que é um perigo. O placar eletrônico da quadra, que estava previsto na reforma, não foi instalado. As instalações precisam de reparos elétricos e hidráulicos.
Um Sonho Renascendo
Gílson Pinheiro, que é gerente de manutenção da Cidade do Saber, acompanhou de perto a decadência do espaço nos últimos anos. Ele participou da construção do complexo e também da reforma. Nesse período, ele conta que teve muito stress e problemas de saúde.
Apesar de tudo, a possibilidade de retomar as atividades da Cidade do Saber traz boas lembranças para quem passou por lá. Iraci Alves Vieira, mãe de Alexandre Vieira, lembra que o filho entrou no curso de ballet aos 9 anos e se tornou bailarino do Bolshoi. Ela apoiou o sonho do filho, que hoje aguarda uma oportunidade para voltar à Cidade do Saber.
Edlaynne da Silva Santos, conhecida como “Pérola”, também foi aluna da Cidade do Saber. Ela fez ballet, capoeira e teatro. Hoje, se apresenta com voz e violão na noite de Camaçari. Depois de 8 anos parada, ela voltou a fazer ballet e está muito feliz.
Aline Porto também foi aluna da Cidade do Saber desde o primeiro ano. Ela fez ballet e ginástica rítmica, viajou bastante e viveu momentos inesquecíveis. Hoje, ela ensina ballet para crianças e se lembra com carinho da época em que “morava” na Cidade do Saber.
O Legado da Cidade do Saber
O abandono da Cidade do Saber também afetou quem ajudou a formar esses jovens. Débora Bittencourt, a “Tia Débora”, participou da criação do projeto e viu de perto o impacto positivo na vida das pessoas. Renata dos Anjos, professora de ballet, acompanhou o desmonte do corpo docente e se orgulha de ter plantado a semente da arte em muitos jovens.
Rubem Damasceno, diretor teatral, viu muitos de seus alunos se tornarem atores profissionais. Ele se orgulha de ter participado de um projeto que oferecia educação de qualidade através da arte e dos esportes. Para ele, a Cidade do Saber era um lugar de acolhimento, diversidade e boas relações.