O retorno de Wagner Moura ao cinema e ao palco
Depois de longos hiatos, o ator Wagner Moura, natural da Bahia, retorna ao cinema e ao teatro brasileiros. Aos 49 anos, Moura celebrou o reconhecimento internacional ao vencer o prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes por O Agente Secreto, dirigido por Kleber Mendonça Filho, tornando-se o primeiro brasileiro a conquistar a honraria. O longa entra oficialmente em cartaz no Brasil na próxima quinta-feira, dia 6, e a equipe mantém uma estratégia de divulgação para o mercado norte-americano. Paralelamente, o ator retorna aos palcos com a peça Um Julgamento – Depois do Inimigo do Povo, em adaptação com Christiane Jatahy e Lucas Paraizo, cuja primeira apresentação em Salvador abriu a temporada no país e cuja temporada se encerra no Rio de Janeiro.
A proximidade de Pernambuco como cenário de filmagem também ganha destaque. Recife, cidade relevante para a carreira de Moura, recebeu as gravações do filme e já havia sido palco de sua montagem A Máquina, com Lázaro Ramos e Vladimir Brichta, fortalecendo o vínculo do ator com o Nordeste. Ele classificou a experiência como uma das mais felizes da carreira, ressaltando que, embora um set feliz não garanta qualidade, naquela produção tudo correu harmoniosamente do começo ao fim.
Sobre o método de trabalho de Kleber Mendonça Filho junto aos atores, Moura contou que chegou a Recife com antecedência, trabalhou com Leonardo Lacca e manteve encontros com os colegas para leitura de cenas, o que ajudou a institucionalizar o entrosamento entre latitudes e escolas diferentes. Em meio a essas fases, ele descreveu seu papel no filme como um personagem histórico, diferente de outros que já viveu, e explicou que o tom decisivo se moldou pela própria dinâmica entre o diretor e o elenco.
Eu me sentia um pouco como Dorothy de ‘O Mágico de Oz’, a gente vai encontrando vários personagens ao longo do caminho. E a graça disso é poder contracenar com grandes atores com pegadas diferentes. A passagem de todos por Leo e também por Kleber fez com que nós chegássemos ao set como o mesmo filme.
O intérprete também analisou a relação entre cinema e teatro, destacando que a montagem teatral acabou influenciando o tom do filme, e não o contrário.
Não no sentido do tom das atuações. Acho que mais a peça contaminou O Agente Secreto.
Moura ainda falou sobre a naturalidade de suas atuações e sobre a construção de um personagem que precisa ser contido para se manter discreto, pois envolve segredos do enredo.
Quanto ao alcance internacional, o ator apontou que o filme tem sido bem recebido fora do Brasil, com a Neon promovendo a circulação do longo e ampliando as possibilidades de reconhecimento em premiações. Ele reforçou que o prêmio em Cannes já representou um marco para o cinema brasileiro, não apenas para ele.
O prêmio mais importante que eu ganhei na minha trajetória foi lá em Cannes, com um filme brasileiro. Isso me dá muita alegria.
A agenda de divulgação segue com a participação da equipe em sessões promocionais e com estratégias de lançamento que devem passar pela divulgação internacional, mantendo o foco no potencial de Oscar e na visibilidade global.
As atividades de pré-estreia continuam nesta semana, com uma sessão programada para terça-feira, 4, no Cine Glauber Rocha, em Salvador, antes da estreia oficial no dia 6, reforçando o retorno de Moura ao cinema e ao palco brasileiro e consolidando seu protagonismo no cenário artístico nacional.
