Política

Acordo Mercosul-UE: negociações históricas enfrentam novos desafios

Acordo Mercosul-UE, após 25 anos de negociações, enfrenta adiamento por protestos na Europa. Pacto busca reduzir tarifas e criar um mercado de US$ 22 trilhões.
Por Redação
Acordo Mercosul-UE: negociações históricas enfrentam novos desafios

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Um dos maiores acordos de livre comércio do mundo, entre o Mercosul e a União Europeia, vive um momento de incerteza após 25 anos de conversas. Previsto para ser assinado na Cúpula do Mercosul, que acontece em Foz do Iguaçu, o pacto foi adiado para 12 de janeiro do próximo ano, principalmente pela resistência de países europeus como Itália e França.

A decisão de adiar a assinatura frustrou o presidente Lula, que expressou seu descontentamento e chegou a cogitar abandonar as negociações. O adiamento veio após intensos protestos de produtores na Europa, que chegaram a jogar esterco na frente da casa do presidente francês, demonstrando a forte oposição de alguns setores.

O que está em jogo neste acordo?

A ideia central deste acordo é criar uma das maiores áreas de livre comércio do planeta, unindo um mercado com 722 milhões de consumidores e um Produto Interno Bruto (PIB) combinado de US$ 22 trilhões. Para o Mercosul – formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai –, e para os países da União Europeia, o objetivo é claro: reduzir e até eliminar tarifas de importação e exportação.

Além da queda nas tarifas, o pacto busca estabelecer regras em comum para várias áreas do comércio. Isso inclui desde a venda de produtos industriais e agrícolas até investimentos e as chamadas “regras regulatórias”, que padronizam como os produtos devem ser feitos e vendidos.

Produtos de cada lado

  • Para a Europa: Os países europeus esperam exportar mais veículos, máquinas, vinhos e outras bebidas alcoólicas para a América do Sul.
  • Para o Mercosul: Os países sul-americanos, por sua vez, devem levar para o Velho Mundo produtos como carne (proteína animal), açúcar, arroz, mel e soja.

Apesar de o Brasil não ter controle sobre a política de subsídios agrícolas da Europa – que ajuda os produtores locais –, a qualidade dos produtos brasileiros precisará ser impecável para conquistar o exigente mercado europeu. Afinal, como diz a máxima, “o freguês tem sempre razão”, e neste caso, um freguês com alto poder de compra como o europeu é ainda mais valioso.

Este acordo representa uma mudança de fase gigante no jogo do comércio internacional. É uma oportunidade que exige do Brasil uma preparação à altura, para que os produtos nacionais atendam às normas específicas e convençam os compradores, superando paradigmas comerciais que remontam aos tempos dos “descobrimentos”.