A China se destacou recentemente como o maior polo mundial na transformação do mar em megafazendas, sendo responsável por mais de 800 mil toneladas de mexilhões anuais, conforme dados da FAO de 2024. Essa produção supera a soma total da Europa e América Latina, consolidando o país como líder global no mercado de mariscos.
O sucesso da maricultura chinesa não é acidental. Desde os anos 1980, o governo investiu pesadamente na modernização do setor, promovendo cooperativas e financiando plataformas de cultivo ao longo da costa leste, especialmente nas províncias de Shandong, Liaoning e Fujian. Estas áreas transformaram-se em longos corredores de megafazendas marinhas, repletas de estruturas flutuantes dedicadas ao cultivo de moluscos.
Com base na publicação The State of World Fisheries and Aquaculture 2024, mais de 60% do mexilhão consumido globalmente provém da China. Para comparação, países como Chile e Espanha alcançam apenas entre 200 mil e 250 mil toneladas.
A estrutura das megafazendas impressiona. O modelo conhecido como long-lines utiliza cabos ancorados no fundo do mar, sustentando boias que abrigam cordas cheias de mexilhões, permitindo elevada densidade de cultivo sem causar danos ao ecossistema marinho. Esse método evoluiu para a chamada “maricultura 4.0”, que emprega sensores oceânicos para monitorar condições ambientais e permite ajustes em tempo real, reduzindo perdas.
A logística de processamento acompanha a inovação. Mexilhões chegam às fábricas próximos das áreas de cultivo em barcos e caminhões refrigerados. O rigor nos padrões sanitários é essencial, especialmente devido ao volume elevado de exportações para Europa, Rússia, África e Oriente Médio.
A maricultura representa um pilar econômico para a China, com bilhões de dólares sendo movimentados anualmente no cultivo e na logística do setor. Milhões de trabalhadores dependem dessa indústria, que abrange desde a captura até o processamento e a exportação. Os especialistas apontam que a supremacia chinesa se baseia em três fundamentos: escala industrial, tecnologia acessível e produção contínua.
Apesar da liderança, a China enfrenta desafios como poluição e mudanças climáticas. Para os mitigar, o país tem investido em maricultura offshore, buscando águas mais profundas e com melhor circulação. Além disso, a demanda por certificações ambientais tem impulsionado práticas sustentáveis, como rastreabilidade e redução de resíduos.
A expectativa é que a China amplie ainda mais sua produção e mantenha seu status como o maior polo global, não apenas de mexilhões, mas também de outras espécies. Especialistas afirmam que o modelo chinês pode servir de referência para outros países que buscam desenvolver suas próprias cadeias de aquicultura eficientes.

