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Estudo explora adaptações dos Bajau, Nômades do Mar no Sudoeste Asiático

Um estudo da Universidade de Copenhague revela que os Bajau, Nômades do Mar, têm adaptações biológicas que melhoram suas habilidades de mergulho.
Por Redação
Estudo explora adaptações dos Bajau, Nômades do Mar no Sudoeste Asiático

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O povo Bajau, também conhecido como Sama-Bajau ou Nômades do Mar, tem habitado as águas costeiras do Sudoeste Asiático há mais de mil anos, especialmente nas regiões que abarcam as Filipinas, Malásia e Indonésia. Uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Copenhague, liderada pela pesquisadora Melissa Ilardo, explorou as adaptações biológicas únicas desse povo marinho, revelando que os Bajau desenvolveram baços consideravelmente maiores e variações genéticas que aprimoram suas habilidades de mergulho.

O estudo publicado na revista Cell destaca que os Bajau são adeptos de um modo de vida nômade ligado ao mar, utilizando embarcações típicas chamadas lepa-lepa. Embora muitos desse povo tenham construído assentamentos permanentes em palafitas sobre recifes ou em vilarejos costeiros, sua subsistência continua a depender da pesca e da caça submarina de diversos animais marinhos.

As crianças da etnia Bajau aprendem a nadar antes mesmo de dar os primeiros passos em terra firme. Seus mergulhos são executados sem o auxílio de equipamentos de oxigênio, e alguns membros da comunidade relatam experimentar o chamado “enjoo de terra” após longos períodos em solo firme. Os Bajau demonstram habilidades únicas de apneia, conseguindo atingir profundidades de até 70 metros e permanecer submersos por cerca de 13 minutos.

O estudo revelou que o baço dos Bajau é, em média, cerca de 50% maior do que o de populações vizinhas, desempenhando um papel essencial ao funcionar como um reservatório de glóbulos vermelhos oxigenados, o que potencializa sua capacidade de mergulho. Além disso, as crianças Bajau apresentam uma agudeza visual em ambientes aquáticos superior à de outras crianças, adaptando os olhos para otimizar a visão subaquática.

Para facilitar a equalização da pressão durante os mergulhos, muitos membros dessa comunidade optam por perfurações nos tímpanos desde a infância, embora essa prática frequentemente resulte em perda auditiva na velhice. Contudo, a existência e as tradições dos Bajau estão ameaçadas por práticas de pesca industrial destrutiva, que esgotam os recursos marinhos e destroem os recifes de coral, além das pressões governamentais que visam forçá-los a se fixar em terra.