Em uma decisão que surpreendeu o cenário esportivo, o Fortaleza Esporte Clube SAF comunicou, na noite da última segunda-feira, 29, o encerramento das atividades do seu time de futebol feminino a partir da temporada de 2026. A notícia chegou como um balde de água fria, especialmente porque a equipe feminina, conhecida como Leoas, vinha conquistando resultados históricos, bem diferentes do desempenho do time masculino.
A diretoria do Fortaleza, por meio da sua Sociedade Anônima do Futebol (SAF), explicou que a medida faz parte de um processo de replanejamento interno. Este ajuste se tornou necessário após o rebaixamento da equipe masculina para a Série B do Campeonato Brasileiro, previsto para o ano de 2025, o que trouxe um novo cenário financeiro e operacional para o clube.
Segundo a nota oficial divulgada pelo clube, foram feitos todos os esforços para tentar manter a modalidade. No entanto, o cenário atual de restrições orçamentárias, a falta de recursos específicos para o futebol feminino e a dificuldade em atender às exigências regulatórias da modalidade pesaram na decisão. A justificativa é garantir a “responsabilidade financeira, o equilíbrio operacional e a sustentabilidade global” do clube neste momento delicado.
Um adeus precoce a um time vencedor
O anúncio da descontinuidade é ainda mais marcante quando olhamos para o histórico recente das Leoas. Em 2025, o time feminino do Fortaleza, no Ceará, levantou a taça do Campeonato Cearense Feminino, superando o rival Ceará. Além disso, as jogadoras alcançaram um feito inédito: o acesso à Série A1 do Campeonato Brasileiro Feminino. Infelizmente, elas não poderão disputar a elite do futebol nacional que conquistaram, já que o projeto será encerrado antes.
Essa situação contrasta fortemente com o desempenho da equipe masculina, que terminou o ano sem títulos e com o amargo rebaixamento. Para muitos torcedores e entusiastas do futebol feminino, a decisão de cortar um projeto vitorioso e em ascensão é um duro golpe.
Consequências e o futuro do clube
A retirada do time feminino da Série A1 do Campeonato Brasileiro também traz sanções automáticas. De acordo com o Regulamento Geral de Competições da CBF, o Fortaleza ficará suspenso por dois anos de todas as competições de futebol feminino organizadas pela entidade. Isso significa que, mesmo que quisesse retomar o projeto futuramente, o clube teria que cumprir essa penalidade.
As regras da CBF estabelecem que, para disputar a Série A do Campeonato Brasileiro masculino e a Copa Libertadores, os clubes são obrigados a manter uma equipe feminina. No entanto, para a Série B, onde o Fortaleza jogará, essa exigência não é imposta. Assim, o rebaixamento acabou por 'reduzir' a obrigatoriedade imediata, mas não eliminou as consequências a longo prazo para o futebol feminino do clube.
“Trata-se de uma decisão extremamente difícil, que reconhece a importância do futebol feminino, o empenho dos profissionais envolvidos e a história construída até aqui. Contudo, ela se faz necessária para garantir a responsabilidade financeira, o equilíbrio da operação e a sustentabilidade global do clube neste momento.”
— Trecho da nota oficial do Fortaleza Esporte Clube SAF.
Apesar do agradecimento aos profissionais envolvidos, a decisão levanta discussões sobre o investimento e a valorização do futebol feminino no Brasil, especialmente em momentos de crise para os clubes. Para as atletas e comissão técnica, que construíram um legado vitorioso, o encerramento do projeto representa uma incerteza sobre o futuro e a interrupção de um sonho que estava apenas começando.

