Com a chegada de dezembro, o clima de reflexão e renovação se estabelece em Salvador, na Bahia. A Igreja do Bonfim torna-se um dos destinos mais procurados, onde muitos se reúnem para agradecer, pedir, cumprir promessas ou simplesmente movimentos, trazendo à memória a famosa frase: “quem tem fé, vai a pé”.
Tradicionalmente, a colina abriga uma série de rituais que refletem sobre o ano que se despede. Para muitos, subir até o Bonfim simboliza o ato de liberar o que foi negativo e abrir espaço para novas esperanças no próximo ano. Essa intersecção entre o encerramento do ciclo e as promessas de recomeço tem sido uma característica marcante das festividades de final de ano.
A lavagem das escadarias da igreja, prevista para o dia 15 de janeiro de 2026, é um dos momentos de maior representação desse ritual. Inspirada na obra de Jorge Amado, a tradição busca não apenas a limpeza física, mas também a renovação espiritual. No conto “O Sumiço da Santa”, o autor apresenta Oxalá, que desceu ao mundo disfarçado para observar a humanidade. Após uma série de dificuldades, ele é resgatado e recebido com honrarias pelas baianas, simbolizando a purificação e a volta à esperança.
Esse gesto de lavar e renovar é uma prática que ecoa na mensagem de final de ano: afastar o que é negativo e acolher o que é positivo. Assim, independentemente do motivo que leva cada um até a igreja, essa busca por renovação ressoa na alma de quem caminha até lá. Para aqueles que pretendem participar da lavagem e vivenciar essa tradição, a data de 2026 já está marcada no calendário.