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Musical Hair ganha versão baiana e gratuita em Salvador

O clássico musical Hair é encenado em Salvador por estudantes da Ufba, com entrada gratuita no Teatro Martim Gonçalves. Adaptação única traz a Bahia para o palco.
Por Redação
Musical Hair ganha versão baiana e gratuita em Salvador

Musical Hair ganhou uma nova versão soteropolitana -

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O clássico musical “Hair”, um verdadeiro ícone do movimento hippie dos anos 1960, está em cartaz em Salvador, na Bahia, com uma montagem pra lá de especial e com entrada de graça! A versão soteropolitana, dirigida por Edvard Passos, pode ser assistida no Teatro Martim Gonçalves, da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba), até domingo, 21 de dezembro.

As apresentações acontecem em dois horários, às 16h e às 19h. E atenção: os ingressos, que são totalmente gratuitos, começam a ser distribuídos uma hora antes de cada sessão. Prepare-se para uma experiência única, trazida por um elenco formado por talentosos estudantes de teatro da Ufba.

Um “Hair” com a cara da Bahia

Na trama original, um grupo de jovens hippies cabeludos de Nova York vive intensamente a rebelião cultural dos anos 60. Eles lutam contra a Guerra do Vietnã – afinal, um deles é convocado para se alistar – e defendem com unhas e dentes o amor livre, a paz e a liberdade. É um embate constante com o conservadorismo dos pais e da sociedade da época nos Estados Unidos.

Mas nesta montagem baiana, tudo ganha um tempero local. A equipe de Salvador escolheu encenar um texto considerado raro, escrito em 1966, antes das grandes modificações que levaram “Hair” ao sucesso na Off-Broadway (1967) e depois na famosa Broadway (1968). O diretor Edvard Passos explica que a ideia foi trazer um “Hair tropicalista”, que mistura as influências internacionais com a nossa realidade.

“Com transposições ousadas de referências históricas norte-americanas para a realidade baiana”, conta Edvard. “Este é um musical raiz, cru e ainda mais selvagem. Em geral, as pessoas conhecem uma versão atenuada de Hair. Na versão de 1966, a violência também está presente no interior da tribo, em especial a violência contra a mulher, que é a mais urgente pauta que discutimos no Brasil de hoje.”

A adaptação foi completa: dramaturgia, trilha sonora, construção dos personagens, trabalho corporal e todo o conceito cênico. O objetivo foi criar um diálogo com o território, a cultura e os costumes da Bahia.

“Era um trabalho necessário para manter o público conectado com a história, porque as referências específicas à cultura norte-americana, no texto original, eram muitíssimas e dificílimas de contextualizar”, explica Passos.

Espere referências à Tropicália, grandes nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Novos Baianos, Raul Seixas e Glauber Rocha. Também haverá menções a blocos afro, Gerônimo Santana e figuras históricas como Maria Quitéria, Maria Felipa, o Dois de Julho e os Malês.

Vozes que ecoam a liberdade e a justiça

A estudante mineira de teatro Maribá Mendins, de 28 anos, que dá vida à universitária ativista Sheila Franklin, compartilha um pouco sobre sua personagem e os desafios que ela enfrenta.

“Sheila tem relações tóxicas com alguns homens da tribo. Isso mostra uma realidade muitas vezes escondida quando falamos do movimento hippie, principalmente em relação às mulheres: a violência, a falta de segurança, de respeito e o medo. Ela traz as complexidades de ser uma mulher que luta pela liberdade em um mundo que naturaliza a morte”, detalha Maribá.

Para o sergipano Cícero Locijá, de 23 anos, que interpreta o líder Jorge Berger, o musical busca semear a ideia de uma sociedade mais livre, que prega “amor, paz, revolução, justiça, igualdade”.

“Berger representa o auge da liberdade, sabe? Eu acho que ele busca tanto essa liberdade que às vezes acaba pecando na responsabilidade. Mesmo na paz, ele comete um crime digno de quem está indo para a guerra. Então, é um personagem bem controverso, na verdade. Ele é meio que um vilão”, conclui Cícero.

Colaboração e talento em cena

A montagem conta com a participação especial de Cláudio Cajaíba, diretor da Escola de Teatro da Ufba, que atua como ator convidado. Ele interpreta o Pai, um personagem arquetípico que representa a geração mais velha e o contraponto ao movimento hippie.

“Há muita alegria em estar misturado a tanta energia de produtividade, tanto talento. Fui recebido com muito entusiasmo pela turma e espero devolver tudo isso em cena a quem vier conferir”, comenta Cláudio, que celebra seu retorno aos palcos após 30 anos de sua estreia na Escola de Teatro.

O espetáculo é uma verdadeira mobilização interdisciplinar, unindo as escolas de Teatro, Música, Dança e Arquitetura da Ufba, com 16 jovens artistas envolvidos. A equipe de produção também inclui Meran Vargens na preparação de elenco, Ricardo Fagundes como preparador corporal, direção musical de Luciano Salvador Bahia, Marilza Oliveira na coreografia e Thiago Romero no figurino, entre outros profissionais do teatro baiano.

Serviço

  • O quê: Musical Hair
  • Quando: 19, 20 e 21 de dezembro
  • Horário: 16h e 19h
  • Onde: Teatro Martim Gonçalves (Escola de Teatro da Ufba, Canela)
  • Entrada: Gratuita (ingressos distribuídos 1h antes)
  • Classificação: 18 anos