A ceia de Natal é sinônimo de tradição, e para muitos, isso significa um belo peru assado na mesa. Mas e se eu te contasse que, por trás daquele prato principal tão famoso, existe um pequeno segredo? Aquela ave suculenta que costuma ser a estrela da noite não é exatamente um peru, mas sim uma perua!
A revelação da Embrapa: por que comemos a perua?
Essa é uma curiosidade que o pesquisador Elsio Figueiredo, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Suínos e Aves, nos ajuda a desvendar. A escolha pela perua, a fêmea da espécie, é puramente econômica e prática. As fêmeas são naturalmente menores que os machos, o que as torna muito mais vantajosas para a produção e venda do animal inteiro.
Imagine só: uma perua pode chegar a cerca de 5 quilos com apenas 10 semanas de vida, resultando numa carcaça de até 4 quilos – o peso ideal para a maioria das ceias familiares de Natal. Já os machos, os perus, são verdadeiros gigantes!
Perus x Peruas: tamanhos e destinos diferentes
Enquanto as fêmeas se destacam na mesa natalina, os machos têm um destino diferente. Eles conseguem ganhar até 10 quilos a mais que as peruas, mesmo comendo a mesma quantidade de ração. Por essa razão, os perus são criados separadamente das fêmeas, para que não monopolizem a comida e cresçam ainda mais.
Um peru macho pode viver até 20 semanas e atingir impressionantes 25 quilos. Com esse tamanho, a comercialização da ave inteira se torna menos viável. Por isso, a carne dos perus é frequentemente destinada ao setor de pedaços, sendo usada para fazer uma variedade de produtos que encontramos no dia a dia, como peito de peru fatiado, salsichas e outros embutidos e defumados. Assim, aquela iguaria que você come no Natal é a fêmea, e o macho vira outros produtos que consumimos ao longo do ano.
O custo da ave natalina: por que é tão caro?
Além da diferença entre machos e fêmeas, muita gente se pergunta por que o peru (ou perua) de Natal costuma ter um preço mais salgado. A resposta, segundo o pesquisador da Embrapa, está lá no comecinho da linha de produção: os pintinhos e os ovos da espécie são mais caros.
E o motivo desse custo elevado? É a baixa produtividade de ovos das peruas. Enquanto uma galinha comum pode botar cerca de 180 ovos em um ciclo, uma perua coloca apenas 80. Essa menor quantidade de ovos impacta diretamente no preço dos pintinhos e, consequentemente, no valor final da ave que chega à sua mesa no Natal.
Então, da próxima vez que você estiver preparando a ceia, lembre-se dessa curiosidade. O prato principal pode ser tradicionalmente chamado de peru, mas quem realmente faz a festa é a perua, a campeã de economia e sabor para as celebrações natalinas.

