O Real Madrid iniciou uma nova discussão interna sobre seu futuro modelo de gestão durante a assembleia anual realizada em Valdebebas neste domingo, 23. O presidente Florentino Pérez apresentou uma proposta que pode sinalizar a entrada de investimento externo no clube, proposta que, se aprovada, poderia marcar a primeira vez desde 1902 que o clube recebe tal aporte. A estratégia envolve a criação de uma empresa subsidiária com participação minoritária de cerca de 5%.
De acordo com Pérez, a diretoria analisou ao longo do último ano diversas alternativas que poderiam valorizar economicamente a instituição sem comprometer sua essência associativa. Ele enfatizou que o objetivo é proteger o clube de influências externas e, ao mesmo tempo, avaliar o valor de mercado do Real Madrid. O presidente deixou claro que não existe a intenção de abrir o capital do clube na bolsa de valores, além de ressaltar que qualquer investidor precisará compartilhar os valores do clube e atuar como um defensor contra "ataques externos".
A proposta precisa passar por um procedimento interno antes de ser efetivamente implementada. Para isso, será convocada uma assembleia extraordinária onde cerca de 2 mil sócios compromissários decidirão se a proposta será submetida a referendo com todos os sócios acima de 18 anos. A validação da nova estrutura requer um amplo apoio da associação, e Pérez assegurou que o clube continuará a ser dos seus sócios, reconhecendo a necessidade de novas medidas de proteção no cenário atual do futebol.
Além de abordar a proposta de investimento, Pérez fez críticas a figuras que considera adversárias, como Javier Tebas, presidente de LaLiga, acusando-o de agir de modo "clandestino" para modificar leis em benefício da liga e do acesso a receitas do Real Madrid. A UEFA, árbitros espanhóis e o FC Barcelona também foram mencionados como alvos de suas queixas, sendo destacados como partes que poderiam ser afetadas pela nova reestruturação proposta.
Este novo modelo de gestão difere das tradicionais Sociedades Anônimas Desportivas que dominam a maioria dos clubes profissionais na Espanha. A proposta sugere que cada sócio teria uma única ação, com valor monetário e a possibilidade de transmissão apenas para filhos ou netos, embora detalhes adicionais ainda não tenham sido divulgados. A participação externa seria restrita, permitindo que o investidor recebesse dividendos correspondentes ao lucro do clube, mas sem direito a voto, enquanto os sócios manteriam o controle sobre a eleição do presidente e decisões estatutárias.
Pérez afirmou que mais informações serão apresentadas na assembleia extraordinária, e reiterou a necessidade de "evitar especulações" em torno do tema, que têm circulado na imprensa nas últimas semanas.