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Salvar senhas no Chrome é seguro? Especialista explica riscos

Salvar senhas no Google Chrome é prático, mas tem seus perigos. Um especialista em segurança digital detalha os riscos e quando você deve evitar isso.
Por Redação
Salvar senhas no Chrome é seguro? Especialista explica riscos

Salvar senhas no Chrome é seguro? Especialista explica os reais riscos — Foto: Reprodução/Mariana Tralback

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Quem não gosta de uma vida mais fácil, não é? Salvar senhas no navegador, como o Google Chrome, é um desses hábitos que muita gente adota para não ter que lembrar um monte de códigos. O Chrome tem um "cofre digital" embutido, que facilita demais a nossa vida: ele salva tudo, preenche sozinho e até sugere senhas fortes. Mas com tanto golpe e vazamento de dados por aí, a pergunta que não quer calar é: dá para confiar de verdade as nossas senhas ao Google?

Para desvendar esse mistério, o portal TechTudo bateu um papo com Gustavo Torrente, um verdadeiro expert em segurança digital da Alura + FIAP para empresas. Ele deu uma olhada a fundo em como o Chrome funciona e nos cenários onde a praticidade de salvar senhas pode virar uma dor de cabeça.

O que é o "cofre" de senhas do Chrome?

Imagine o gerenciador de senhas do Chrome como um caderninho super secreto que guarda todas as suas chaves da internet. Quando você entra em um site pela primeira vez, ele pergunta: “Quer que eu salve essa senha para você?”. Se você aceita, ele guarda e, na próxima vez, preenche sozinho. Isso é ótimo para não repetir senhas fracas ou ter que memorizar combinações gigantes.

Esse "caderninho" está ligado à sua conta Google. Se você ativa a sincronização, suas senhas viajam (criptografadas, claro) para os servidores do Google e ficam disponíveis em todos os seus aparelhos onde você estiver logado. Para ver ou usar essas senhas, você precisa desbloquear o aparelho primeiro, seja com a senha do Windows, PIN, digital ou reconhecimento facial no celular. Ou seja, elas não ficam abertas para qualquer um.

É importante saber que existe uma diferença: você pode salvar as senhas só no seu computador (sem sincronizar) ou deixá-las “na nuvem” do Google, para usar em qualquer lugar. Com a sincronização ativada, o Chrome vira um gerenciador que funciona em vários lugares, do seu PC a qualquer celular, desde que a mesma conta Google esteja conectada.

Como o Google Chrome tenta proteger suas informações?

O Google não brinca em serviço quando o assunto é proteção. As senhas que você salva passam por um processo de blindagem. Segundo Gustavo Torrente, o Chrome usa a criptografia AES, que é a mesma usada por bancos e até governos, para deixar suas informações ilegíveis para curiosos. E na hora de mandar esses dados para os servidores do Google, eles viajam em um “carro-forte digital” chamado TLS, que evita qualquer interceptação no caminho.

Se a sincronização está ligada, suas senhas são criptografadas antes mesmo de sair do seu computador e permanecem seguras nos servidores do Google. Você pode até criar uma "frase de sincronização" personalizada, que é como uma chave extra só sua para descriptografar os dados. Assim, a segurança aumenta ainda mais!

"É como um cofre bem trancado, mas em que a empresa do cofre também tem uma cópia da chave", explica Torrente sobre o fato de o Chrome não usar criptografia de conhecimento zero por padrão.

Isso significa que o Google tem acesso técnico às chaves, o que ajuda na recuperação caso você perca sua senha da conta, mas também significa que não é um isolamento total das suas informações. Além disso, para ver as senhas salvas, você precisa passar pela autenticação do seu aparelho, como digitar sua senha, PIN ou usar sua digital/rosto no celular. O Chrome também tenta barrar golpes de phishing, impedindo que as senhas sejam preenchidas automaticamente em sites falsos.

Porém, o especialista alerta: "Se o computador estiver desbloqueado, qualquer pessoa pode acessar as senhas salvas indo até as configurações". Por isso, manter o aparelho sempre bloqueado, proteger bem sua conta Google e ativar a autenticação em duas etapas são passos essenciais para que toda essa segurança não vá por água abaixo.

Quais são os riscos reais de salvar senhas no navegador?

Apesar de toda a tecnologia do Google, existem perigos que dependem mais de nós do que do navegador. O maior deles, segundo Gustavo Torrente, é o acesso físico ao seu aparelho. "Se o computador estiver aberto, qualquer pessoa pode acessar suas senhas salvas. Basta ir nas configurações e pronto, lá estão todos os logins."

Imagine deixar seu computador do trabalho ou de casa desbloqueado e sair para tomar um café. Alguém pode sentar e ter acesso fácil a seus e-mails, redes sociais e outras informações importantes, mesmo com toda a criptografia. Esse descuido é um prato cheio para curiosos.

Outro risco são os golpes de phishing. Aqui, o problema não é o Chrome, mas a gente caindo em armadilhas. Os golpistas criam sites falsos que parecem de verdade, e nós, sem perceber, colocamos nossas senhas lá. O Chrome tenta ajudar a não preencher automaticamente em sites estranhos, mas se você digitar a senha por engano, a proteção falha.

Existem também ameaças mais técnicas, como malwares e keyloggers. São programas maliciosos que conseguem roubar o que você digita ou até extrair as senhas guardadas no navegador. Esse perigo é ainda maior se você usa computadores públicos ou que são compartilhados, onde você não sabe o nível de segurança do sistema.

E o cenário mais preocupante: sua conta Google ser invadida. Se alguém conseguir acesso à sua conta principal, pode baixar todas as suas senhas de uma vez e usar em outros lugares.

Quando é melhor não salvar senhas no Chrome?

Guardar senhas no navegador não é a melhor ideia quando a coisa fica séria. Gustavo Torrente é categórico: contas de banco, de investimento ou qualquer serviço que mexe com dinheiro e dados super sensíveis não deveriam ser salvas no Chrome. O estrago, caso algo dê errado, pode ser financeiro e enorme.

Ele lembra de novo que o Google tem acesso técnico às chaves de criptografia, o que não é ideal para dados que exigem o máximo de sigilo. Além disso, o gerenciador do Chrome não é indicado para:

  • Sistemas de empresas ou trabalho em equipe: Empresas precisam de controle maior, como saber quem acessou o quê e compartilhar senhas de forma segura entre os funcionários. O Chrome não oferece isso, e as senhas ficam ligadas à conta individual de cada um. Isso pode complicar a vida da empresa em caso de troca de função ou desligamento de um colaborador.
  • Dispositivos compartilhados: Computadores de casa, da escola, da biblioteca ou do trabalho, onde várias pessoas usam. Se o aparelho estiver desbloqueado, qualquer um consegue ver ou exportar suas senhas salvas facilmente.
  • Contas sem autenticação em duas etapas: Se sua conta Google não tem essa camada extra de segurança, e ela for invadida, todas as suas senhas sincronizadas ficam expostas de uma só vez. A verificação em duas etapas é um escudo a mais indispensável.

Em resumo, a praticidade do Chrome é inegável, mas a segurança deve vir sempre em primeiro lugar. Para dados realmente importantes, considere um gerenciador de senhas dedicado com criptografia de conhecimento zero ou use métodos de armazenamento mais robustos. E o mais importante: mantenha seus dispositivos e sua conta Google sempre protegidos!