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Satélites flagram megavazamentos de metano na bacia de Santos

Satélites independentes detectaram megavazamentos de metano na bacia de Santos, com volumes muito acima do limite. Os dados levantam dúvidas sobre os compromissos climáticos do Brasil, anfitrião da COP30.
Por Redação
Satélites flagram megavazamentos de metano na bacia de Santos

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Dados recentes de satélite trouxeram à tona uma preocupação ambiental séria para o Brasil. Nossos satélites, que observam o planeta de cima, flagraram megavazamentos de metano na bacia de Santos, bem aqui na costa do nosso país. E o mais intrigante é que esses vazamentos estão ligados à indústria de petróleo e gás, justamente quando o Brasil se prepara para sediar a COP30 e assume compromissos importantes para reduzir a poluição.

Em abril deste ano, plataformas independentes de monitoramento ambiental, como Carbon Mapper e SkyTruth, identificaram pelo menos três eventos que os especialistas chamaram de “superemissores”. Para você entender, um superemissor é quando vaza uma quantidade gigantesca de metano. Esses vazamentos foram detectados em embarcações que trabalham no campo de Tupi, na área do pré-sal.

Metano: o vilão invisível e suas consequências

O metano é um gás que, embora muitas vezes invisível, é um poluente poderosíssimo, muito mais potente que o gás carbônico no curto prazo para aquecer a atmosfera. Por isso, a redução das suas emissões é crucial na luta contra as mudanças climáticas.

Dois dos vazamentos encontrados na bacia de Santos soltaram mais de 300 quilos de metano por hora cada um, e um terceiro chegou a liberar impressionantes 700 quilos por hora. Para ter uma ideia, o limite que define um vazamento como “superemissor” é de 100 quilos por hora. Ou seja, esses foram casos bem acima do normal.

“A ocorrência simultânea desses vazamentos sugere um problema estrutural, e não um caso isolado”, avaliam especialistas que acompanham a situação.

Essa análise acende um alerta: será que não é só um acidente, mas algo que precisa de uma atenção maior na forma como a exploração de petróleo e gás é feita?

Brasil e seus compromissos climáticos

O Brasil é um dos países que assinou o Compromisso Global do Metano, prometendo reduzir em 30% as emissões desse gás até 2030. No entanto, esses novos dados de satélite colocam em xeque a imagem de liderança climática que o país tenta construir, especialmente como anfitrião da COP30.

A Petrobras, empresa responsável pelas operações na região, informou que já possui programas de monitoramento em andamento. A companhia ressaltou, porém, que uma única observação por satélite não permite tirar conclusões definitivas. Dados da própria Petrobras mostram que as emissões da empresa caíram entre 2015 e 2022, mas parecem ter se estabilizado recentemente, girando em torno de 1 milhão de toneladas de gás carbônico equivalente por ano.

Organizações ambientais argumentam que, apesar dos avanços, essa estabilização e os novos vazamentos mostram um contraste entre as promessas climáticas e a realidade do setor de combustíveis fósseis.

Casos parecidos foram vistos em outros lugares, como no Azerbaijão, que foi anfitrião da COP29, onde satélites também detectaram vazamentos persistentes. Relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que, infelizmente, a maioria dos alertas sobre grandes emissões de metano não recebe uma resposta oficial adequada, o que mostra a enorme distância entre o que é prometido e o que realmente acontece na prática.