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Uso de maconha na adolescência afeta cérebro e notas, alerta estudo

Um estudo da Universidade de Columbia alerta que até mesmo o uso ocasional de maconha na adolescência pode prejudicar o cérebro em desenvolvimento, afetando o desempenho escolar e o bem-estar emocional dos jovens.
Por Redação
Uso de maconha na adolescência afeta cérebro e notas, alerta estudo

Estudo reuniu informações de mais de 160 mil estudantes do ensino fundamental e médio -

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Um novo estudo realizado nos Estados Unidos acende um sinal de alerta importante para pais e educadores: mesmo o uso eventual de maconha durante a adolescência pode trazer consequências reais para o cérebro em desenvolvimento, impactando diretamente o bem-estar emocional e o desempenho na escola.

A pesquisa, conduzida pela renomada Universidade de Columbia, reuniu dados de mais de 160 mil estudantes do ensino fundamental e médio. A análise minuciosa, que cobriu o período de 2018 a 2022, revelou que adolescentes com idade entre 13 e 18 anos que usam maconha apenas uma ou duas vezes por mês já apresentam mais dificuldades emocionais e acadêmicas em comparação com aqueles que nunca experimentaram a substância.

Os pesquisadores descobriram que cerca de 26% dos jovens participantes já tinham experimentado maconha ao menos uma vez, e 13% relataram uso mensal. Essas experiências, mesmo que esporádicas, se traduzem em problemas práticos no dia a dia, como dificuldade para manter o foco nas aulas, aumento das faltas, queda nas notas e até mesmo a perda de interesse por atividades e objetivos que antes motivavam o jovem.

“Enquanto estudos anteriores se concentraram nos efeitos do uso frequente de cannabis entre adolescentes, nosso estudo descobriu que qualquer quantidade de cannabis consumida pode colocar os jovens em risco de ficarem para trás na escola. E aqueles que usam com mais frequência podem correr maior risco ainda”, explicou Ryan Sultán, um dos autores do estudo e professor de psiquiatria da Universidade de Columbia.

Impactos na saúde mental e rendimento escolar

Os dados mostraram que os adolescentes que relataram uso mensal de maconha tiveram índices mais altos de sintomas ligados à depressão, ansiedade e impulsividade. Para aqueles que consumiam a substância quase todos os dias, o cenário era ainda mais preocupante: a chance de um baixo desempenho escolar foi quase quatro vezes maior, acompanhada de um grande afastamento das atividades educacionais.

Pesquisas anteriores já apontavam que o uso de cannabis nessa fase da vida pode prejudicar funções importantes do cérebro, como a capacidade de aprendizado e memória. Este novo estudo, no entanto, reforça a ideia de que não é preciso um consumo pesado para que esses problemas comecem a aparecer.

Cérebro em desenvolvimento: uma fase de risco

Um dos pontos mais importantes destacados pelo estudo é a questão da idade. Quanto mais cedo o adolescente tem contato com a maconha, maiores tendem a ser os riscos. Os efeitos mais graves foram observados em participantes com menos de 16 anos. Isso ocorre porque a adolescência é uma fase crucial para o amadurecimento cerebral.

Nesse período, o cérebro ainda está formando conexões essenciais para habilidades como o aprendizado, o controle das emoções, a tomada de decisões e o autocontrole. Interferir nesse processo com substâncias pode ter consequências duradouras.

“O cérebro de um adolescente ainda está em formação. O uso de cannabis, mesmo que ocasional, durante esses momentos críticos pode interferir nesse processo e prejudicar o desenvolvimento normal", explicou Tim Becker, coautor do estudo.

O diálogo como a melhor prevenção

Especialistas reforçam que a melhor maneira de abordar o tema com os adolescentes não é com ameaças ou punições, mas sim com um diálogo aberto, honesto e sem julgamentos. Conversar sobre os riscos desde cedo, e de forma constante, ajuda o jovem a entender as consequências de maneira realista.

Os pais também precisam ficar atentos a alguns sinais de alerta, como uma queda repentina no rendimento escolar, mudanças de humor sem explicação ou a perda de interesse por hobbies e atividades que antes gostavam. Nesses casos, a possibilidade do uso de cannabis deve ser considerada.

“Certifique-se de que eles entendam que ‘substância natural’ não significa ‘seguro’. Os pais também precisam ficar atentos a sinais de alerta, como queda no rendimento escolar, mudanças de humor ou perda de interesse em hobbies — e considerar que a cannabis pode ser um fator", completou Ryan Sultán.