O clarão que iluminou os céus da Bahia nas últimas semanas levantou apreensões entre a população, mas, segundo o especialista em astrofísica Nícolas Oliveira, o fenômeno é explicável e não representa riscos. O evento se deve à reentrada de detritos de um foguete chinês, um caso comum na atualidade.
Oliveira esclareceu que, ao entrar na atmosfera terrestre, os detritos geram um rastro luminoso distinto de meteoros naturais. A diferença entre ambos está na origem: os meteoros são rochas espaciais que, ao colidirem com a atmosfera, produzem um clarão e, se fragmentam, são chamados de meteoritos. Já a reentrada de lixo espacial tende a ser mais frequente devido ao aumento de missões espaciais.
A probabilidade de que esses detritos causem danos à população é extremamente baixa. A maior parte se incinera antes de alcançar o solo, enquanto meteoritos, por serem menores e a Terra muito vasta, raramente atingem áreas urbanas. Oliveira comentou que, historicamente, apenas um caso de meteorito atingiu um imóvel habitado foi registrado.
O físico também abordou o crescente trânsito de satélites à volta da Terra, que impacta as observações astronômicas realizadas a partir do solo. Embora satélites como o Telescópio Hubble e o Telescópio James Webb estejam em órbita com menos interferência, telescópios de superfície enfrentam dificuldades devido às passagens de satélites que aparecem como riscos nas imagens.
Na Bahia, a Chapada Diamantina se destaca como um dos melhores locais para a observação astronômica, devido à baixa poluição luminosa e ao clima favorável. Existem iniciativas como observatórios voltados para o estudo de objetos celestes, contribuindo para o desenvolvimento da astronomia na região, ainda em crescimento.
O educador indicou que, apesar do crescente interesse por astronomia, o estado carece de cursos de graduação específicos, sendo que os estudantes frequentemente precisam buscar especialização em outras regiões, como Sul e Sudeste. Essa demanda por formação superior na área pode ser ampliada no Nordeste, aproveitando o potencial local de pesquisa e turismo astronômico.

