Política

Iphan tomba Terreiro Palácio de Ogum, templo de Jarê na Chapada Diamantina

Iphan aprova o tombamento do Terreiro Palácio de Ogum em 26 de novembro, protegendo um templo de Jarê na Chapada Diamantina, Bahia.
Por Redação
Iphan tomba Terreiro Palácio de Ogum, templo de Jarê na Chapada Diamantina

Terreiro Palácio de Ogum e Caboclo Sete-Serra -

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Em um passo significativo para o reconhecimento da diversidade religiosa afro-brasileira, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou o tombamento federal do Terreiro Palácio de Ogum e Caboclo Sete-Serra, localizado em Lençóis, na Chapada Diamantina, Bahia. Considerado o templo de Jarê mais antigo ainda em funcionamento no Brasil, a aprovação do tombamento, realizada na 111ª reunião do Conselho em 26 de novembro, assegura a proteção permanente do local contra destruição e demolição, firmando-o como um testemunho vivo da resistência das populações negras.

A relatora do processo, Desiree Ramos Tozi, ressaltou que o templo é um bem cultural de excepcional valor histórico e simbólico, expressando a vitalidade de uma tradição afro-brasileira singular. O presidente do Iphan, Leandro Grass, qualificou o ato como um "reparo histórico" e destacou a complexidade e riqueza da cultura de matriz africana na Bahia.

O Jarê, prática religiosa originada na Chapada Diamantina, combina rituais de africanas escravizadas de origem nagô com cultos públicos a caboclos, refletindo a diversidade cultural e espiritual do Brasil. Fundado em 1949 por Pedro Florêncio Bastos, o terreiro se diferencia por permanecer ativo mesmo após a morte de seu líder, a pedido do fundador, e é frequentemente referido como "casa de Pedro de Laura".

Além de sua importância histórica, o Palácio de Ogum se destaca pela relação harmoniosa com o meio ambiente. O tombamento, que teve início em 2007, valorizou como a arquitetura do terreiro interage com a natureza ao redor, incluindo vegetação nativa e árvores sagradas. O local foi projetado em um terreno de aproximadamente 3.782 m², onde estão situadas a casa principal de cerimônias e o espaço dedicado aos exus.

O superintendente do Iphan na Bahia, Hermano Guanais, enfatizou que o tombamento oferece um novo olhar sobre a Chapada Diamantina, valorizando as práticas culturais da região. Com o status de proteção federal, qualquer intervenção no terreiro deverá ser aprovada pelo Iphan.