A cineasta francesa Johanna Makabi apresenta seu documentário "Oceano Negro" na Bahia, como parte da iniciativa "Eu Sou um Oceano Negro", um projeto que une Bahia, Senegal e França. Ao longo de sua carreira, Johanna tem se dedicado a filmar corpos negros, apontando que este ato vai além do registro, buscando restituir dignidade e espaço de vida através da imagem.
No documentário, a artista narra a trajetória de Sabrina Marie Ramsey, uma bailarina norte-americana que cresceu no Texas e na Louisiana, antes de chegar a Nova York. Johanna afirma que cada filme começa com um lugar e um personagem, e na história de Sabrina, ela explora a diáspora e as memórias que seu corpo carrega, além da herança cultural presente na dança. “A herança se manifesta no corpo”, explica Johanna.
O filme revela como Sabrina desafia os padrões do balé clássico, enfoques estes que històricamente excluíram corpos não convencionais. A cineasta destaca que Sabrina transforma sua origem e suas vivências em potência artística ao criar um novo idioma na dança contemporânea, onde fragilidade e força coexistem.
Johanna Makabi busca resistir à prática de retratar corpos negros exclusivamente em sofrimento, propondo uma nova narrativa que celebra a alegria e a liberdade. “O corpo fala onde a fala se cala”, explica sobre o poder da dança em expressar traumas e transformá-los em arte. A diretora quer que o público sinta liberdade e a possibilidade de voar ao assistir seu filme.

