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Startup 2Wai lança IA que recria falecidos em avatares digitais, gerando polêmica

Startup americana 2Wai desenvolve ferramenta de IA para recriar falecidos em avatares digitais, levantando polêmica sobre seus impactos no luto.
Por Redação
Startup 2Wai lança IA que recria falecidos em avatares digitais, gerando polêmica

Nova IA viraliza ao ‘trazer de volta’ falecidos; especialistas alertam o uso — Foto: Reprodução/Pixabay

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Uma nova ferramenta de inteligência artificial, criada pela startup americana 2Wai, viralizou ao alcançar mais de 4,1 milhões de visualizações, reacendendo o debate sobre a tecnologia e o luto. O recurso possibilita a recriação digital de pessoas falecidas por meio de vídeos, vozes e conversas simuladas. A inovação ganhou destaque após um vídeo mostrar avatares interagindo com familiares vivos em situações que transcendem a morte, levando especialistas a refletirem sobre os impactos emocionais e éticos dessa prática.

Os psicólogos expressam preocupações em relação aos riscos emocionais associados a essa tecnologia. Segundo a psicóloga Andreza Ildefonso, a utilização do recurso pode dificultar o processo de aceitação da perda, uma vez que o luto envolve fases dolorosas necessárias para a integração emocional da ausência. A interação com uma versão digital da pessoa falecida pode criar uma interrupção no fluxo natural do luto, afastando o indivíduo da realidade.

Além disso, Andreza alerta para o alto risco de dependência emocional que pode se desenvolver a partir do uso contínuo dos avatares digitais. Ao manter conversas com uma representação virtual do falecido, a pessoa pode sentir que somente assim consegue lidar com a dor, resultando em um bloqueio emocional. A psicóloga ressalta que o recurso deveria ser utilizado com cautela e acompanhamento profissional, nunca como substituto do vínculo significativo que foi perdido.

Do ponto de vista jurídico, o advogado Pedro Amorim de Souza destaca que apenas a própria pessoa, em vida, pode autorizar sua recriação digital. Instrumentos como testamentos podem ser utilizados para definir o consentimento. A família, por outro lado, não possui direitos sobre a imagem da pessoa falecida, o que levanta questões legais relevantes sobre consentimento e representação digital.

Amorim enfatiza que qualquer recriação digital deve respeitar a memória da pessoa, e qualquer distorção da imagem da pessoa em vida pode gerar responsabilização. A legislação atual busca garantir proteção à memória e à história dos indivíduos, levantando a necessidade de um debate ético à medida que a tecnologia avança.

Embora a nova IA possa oferecer uma sensação temporária de alívio para quem enfrenta a perda, o consenso entre especialistas é que é necessário prudência no uso dessa ferramenta. Interagir com avatares digitais de falecidos é um tema complexo e, segundo os profissionais, deve ser abordado com a devida reflexão sobre as consequências emocionais que podem surgir dessa prática.