Política

COP30 em Belém: contrastes entre promessas globais e ações locais

A COP30 em Belém destaca a disparidade entre promessas de líderes globais e a realidade de ações prejudiciais à Amazônia, como a construção de rodovias.
Por Redação
COP30 em Belém: contrastes entre promessas globais e ações locais

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No coração da Amazônia, em Belém, no Pará, o segundo e último dia da Cúpula de Líderes da COP30 encerrou-se com discursos que expõem um abismo entre promessas globais e contradições locais. O evento, convocado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, focou em traçar diretrizes para uma economia de baixo carbono e em garantir financiamento para nações em desenvolvimento, mas também fez emergir um sentimento de ceticismo sobre a implementação real das propostas apresentadas.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, abriu os trabalhos com uma mensagem alarmante, afirmando que a comunidade internacional falhou em cumprir os Acordos de Paris de 2015, reiterando a necessidade de ações imediatas para evitar um aquecimento global de 3°C, que traria consequências devastadoras, como secas e perda de biodiversidade. O líder da ONU pediu que os países desistam da dependência de combustíveis fósseis, ressaltando que frequentemente interesses corporativos obstruem o progresso na luta contra a crise climática.

Durante a cúpula, Mahmoud Ali Youssouf, da Comissão da União Africana, destacou o potencial renovável do continente africano, que representa 40% do total global, mas criticou a minúscula porção de financiamento climático que recebe, clamando por justiça climática. Também houve críticas ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump, feitas pelo presidente colombiano Gustavo Petro, que responsabilizou a desregulamentação ambiental por agravar a crise climática.

O evento, além de discutir diretrizes globais, revelou contradições evidentes na prática. Apesar das falas sobre conservação, o governo do Pará construiu uma rodovia de 13 km cortando áreas protegidas da Amazônia, para facilitar acessos ao evento, o que contrasta com os objetivos de proteção do bioma. Tal ato levanta questões sobre a accountability e o comprometimento com tratados internacionais de proteção ambiental.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, reafirmou o compromisso do Reino Unido em combater as mudanças climáticas, chamando outros líderes a se unirem a esses esforços. Contudo, a ausência de representantes de algumas das maiores economias poluidoras, como China e Índia, enfatiza o desafio de se alcançar um consenso global.

A COP30, se não gerar compromissos robustos e mecanismos de financiamento adequados, poderá se transformar em mais um encontro de elites que aumenta a hipocrisia em torno da proteção ambiental. A urgência das ações climáticas é evidente e deve ser priorizada, não apenas em discursos, mas em medidas concretas.