A 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, no Pará, tem revelado um racha significativo nas negociações climáticas globais. Até o próximo dia 21, representantes de países em desenvolvimento estão pressionando por justiça climática, enquanto nações desenvolvidas estabelecem regras rigorosas para financiamento e transição energética. A situação destaca a necessidade urgente de um equilíbrio entre as demandas por equidade e os compromissos financeiros globais.
A União Europeia (UE) tem assumido uma postura crítica, enfatizando a importância da continuidade do Acordo de Paris e propondo mecanismos que garantam que a ambição climática global não diminua. A UE reafirmou seu compromisso com o Novo Objetivo Coletivo Quantificado de Financiamento Climático (NCQG) e a necessidade de uma rastreabilidade clara dos fluxos financeiros, conforme estipulado no Artigo 2.1c do Acordo.
Os Estados Unidos, embora menos ativos nesta fase inicial, continuam a ser mencionados como essenciais para aumentar a oferta de financiamento climático, principalmente no que diz respeito às metas para a mobilização de US$ 1,3 trilhão anuais até 2030. A participação do Reino Unido também reflete esse alinhamento, ao se opor à utilização de plataformas digitais para gerenciamento de esforços de mitigação, defendendo uma abordagem prática.
Entre os países em desenvolvimento, a ênfase é na equidade. A Coalizão das Nações Menos Desenvolvidas (LDCs) e o Grupo Africano exigem que os novos fluxos de financiamento sejam “novos, adicionais e previsíveis”, além de garantirem que os recursos cheguem diretamente às comunidades vulneráveis, evitando a burocracia excessiva.
Na discussão sobre adaptação, os pequenos Estados insulares (AOSIS) continuam a pressionar por medidas concretas, ressaltando a urgência da ação frente às consequências irreversíveis das mudanças climáticas que já afetam suas realidades. O G77+China reafirma que a ambição global deve respeitar o princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”.
A COP30, portanto, emerge como um espaço de intensa pressão e expectativas, onde as diferenças estruturais entre os países se tornam cada vez mais evidentes. As disposições financeiras e a capacidade de adaptação são questões centrais, destacando a necessidade de ação decisiva antes que o tempo para negociação se esgote.

