Política

Crise na Venezuela acende novo embate entre Lula e Milei no Mercosul

Presidentes Lula e Milei divergem abertamente sobre a crise na Venezuela e a postura dos EUA durante a Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu.
Por Redação
Crise na Venezuela acende novo embate entre Lula e Milei no Mercosul

Lula critica política de intervenção dos Estados Unidos -

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A tensa situação política e econômica da Venezuela, governada por Nicolás Maduro, se tornou o palco de um novo e acalorado debate entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e da Argentina, Javier Milei. O embate aconteceu durante a Cúpula do Mercosul, realizada neste sábado (20), em Foz do Iguaçu, no Paraná, mostrando as profundas divergências sobre como lidar com a nação vizinha e a influência dos Estados Unidos na região.

Enquanto um defende a soberania e critica intervenções externas, o outro apoia abertamente a pressão americana e as ações de Donald Trump contra o governo venezuelano, intensificando a polarização que já marca a relação entre os dois líderes sul-americanos.

Lula alerta para 'catástrofe humanitária' em caso de intervenção

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, expressou forte preocupação com as tentativas de intervenção dos Estados Unidos no território venezuelano, especialmente as coordenadas pelo ex-presidente Donald Trump. Lula alertou que qualquer imposição armada no país representaria uma "catástrofe humanitária", com consequências graves para todo o hemisfério. Ele destacou que essa postura também abriria um precedente perigoso para as relações internacionais em todo o mundo, testando os limites do direito internacional.

“Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, disse Luiz Inácio Lula da Silva.

A preocupação de Lula com uma possível invasão ganhou força nos últimos meses, após os Estados Unidos aumentarem sua presença militar na região do Caribe. Os EUA justificaram essa movimentação como uma estratégia de combate ao avanço do narcotráfico pelo oceano. Apesar das tensões e de ter seu mandato contestado e não reconhecido pelos EUA (sob suspeita de fraude nas últimas eleições), Nicolás Maduro tem feito gestos de "paz" para Trump e os americanos, ao mesmo tempo em que convoca a população a defender o país.

Milei defende pressão dos EUA e Trump contra 'ditadura de Maduro'

Em um posicionamento completamente oposto ao de Lula, o presidente argentino Javier Milei defendeu firmemente a atuação de Donald Trump e da Casa Branca em relação à Venezuela. Milei afirmou que o tempo para uma abordagem branda e "tímida" em relação ao governo de Maduro "se esgotou", indicando a necessidade de ações mais enérgicas.

“A Venezuela continua sofrendo de uma crise política e humanitária devastadora. A ditadura de Nicolás Maduro estende uma sombra escura sobre nossa região. A Argentina cumprimenta a pressão dos EUA e Donald Trump para libertar o povo venezuelano. O tempo de ter uma abordagem tímida nessa matéria se esgotou”, declarou Javier Milei.

Milei é conhecido por sua forte sintonia com políticos de direita, como o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que o apoiou publicamente durante sua vitoriosa campanha eleitoral. A crise venezuelana, assim, não só expõe a fragilidade da situação interna do país, mas também aprofunda as divisões ideológicas entre os líderes da América do Sul.