Um foguete HANBIT-Nano, desenvolvido pela empresa sul-coreana Innospace, explodiu poucos minutos depois de ser lançado na noite desta segunda-feira, 22 de maio, da base de Alcântara, no Maranhão. O incidente, que ocorreu por volta das 22h13, marcou o primeiro lançamento comercial do Brasil, mas foi interrompido por uma grande nuvem de fogo visível logo após a decolagem.
A Força Aérea Brasileira (FAB) ainda não se manifestou sobre as causas da falha, e o motivo exato da explosão permanece desconhecido. A Operação Spaceward, como foi batizada a missão, era transmitida ao vivo pelo YouTube, mas o sinal foi interrompido pela empresa responsável logo após o lançamento.
A Operação Spaceward e sua carga valiosa
A Operação Spaceward era um marco para o Programa Espacial Brasileiro, representando o primeiro esforço comercial de lançamento do país. Apesar do resultado inesperado, a expectativa era grande.
O foguete HANBIT-Nano levava oito dispositivos, sendo sete deles desenvolvidos no Brasil e um na Índia. Estes eram experimentos que visavam testar novas tecnologias no espaço. Além disso, o foguete carregava um satélite educacional, que contava com versões de teste de placas solares e instrumentos de navegação, e até mesmo mensagens de alunos da rede pública local e de comunidades quilombolas.
“Não estamos falando de satélites capazes de transmitir programas de televisão em cadeia nacional, mas sim da possibilidade de se transmitir um sinal para o espaço que será repetido e captado por uma estação em terra, geralmente na própria universidade. Estamos falando de cubos de até 10cm de altura, largura e profundidade e que pesam de um a três quilos.”
Quem explicou a importância desses pequenos dispositivos foi Marco Antônio Chamon, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB). Ele destacou que, embora os experimentos não representem a ponta da tecnologia espacial mundial, eles significam um importante avanço na exploração nacional e abrem caminho para novos métodos de pesquisa.
Uma complexa cooperação e históricos adiamentos
A Operação Spaceward em Alcântara foi resultado de uma parceria entre o setor público e a iniciativa privada. A FAB era a responsável por toda a base militar, incluindo seus sistemas, portões, antenas e painéis de controle. Já a Innospace, empresa sul-coreana, trouxe o foguete desmontado para o Brasil, junto com sua equipe de engenheiros para a montagem e seus próprios sistemas de verificação.
A Agência Espacial Brasileira (AEB), por sua vez, atuou como entidade reguladora. Era dela a responsabilidade de conceder o licenciamento necessário para que a empresa pudesse firmar o contrato de decolagem, além de fiscalizar tanto o foguete quanto a estrutura montada às vésperas da operação.
A missão enfrentou diversos desafios antes mesmo de tentar a decolagem. Inicialmente, o lançamento estava programado para novembro do ano passado, mas foi adiado cinco vezes, sendo quatro delas somente na última semana. Segundo a FAB, a "janela de lançamento" – que é o período ideal para o foguete subir sem encontrar lixo espacial ou outros obstáculos em órbita – se encerraria nesta segunda-feira.
Lembrança de um passado trágico em Alcântara
O incidente desta segunda-feira traz à memória um trágico acidente ocorrido também na base de Alcântara, no Maranhão, em 2003. Naquela ocasião, um foguete explodiu ainda em solo, matando 21 pessoas e paralisando as atividades espaciais brasileiras por vários anos. A lembrança desse evento reforça a complexidade e os riscos envolvidos na exploração espacial, mesmo com os avanços tecnológicos.

