A operação da Polícia Federal (PF) que investiga o médico Gabriel Almeida, suspeito de envolvimento em uma quadrilha de fabricação clandestina do Mounjaro, levanta importantes questões sobre os riscos do uso indevido do medicamento. Prescrito para adultos com diabetes mellitus tipo 2, o fármaco tem sido utilizado como uma alternativa para emagrecimento, o que traz implicações sérias para a saúde.
Facilmente encontrado em farmácias sob o nome de tizerpatida, o Mounjaro apresenta diversos efeitos colaterais, como náuseas, diarreia, vômitos e constipação. Além disso, o endocrinologista Carlos André Minanni, em entrevista à CNN, alertou para a escassez de estudos sobre os impactos a longo prazo do uso do medicamento. “A falta de dados sobre os efeitos prolongados nos leva a questionar a continuidade dos benefícios e os potenciais riscos que podem surgir ao longo do tempo”, afirmou.
Minanni também destacou os perigos da perda excessiva de peso, que pode desencadear problemas de saúde, especialmente em pacientes que não se exercitam. O especialista mencionou que a perda rápida de massa magra pode levar a complicações como a osteoporose, principalmente em idosos. A combinação do tratamento com atividades físicas, como musculação, é fundamental para evitar tais consequências.
O médico ainda frisou que a percepção equivocada do tratamento para obesidade, frequentemente reduzido a uma mera perda de peso, pode prejudicar aqueles que realmente necessitam de cuidado médico. “É um problema que transcende a medicina, atingindo questões sociais”, concluiu.
Além disso, o comércio clandestino do Mounjaro no Brasil apresenta riscos adicionais. Se um produto for falsificado ou sem registro sanitário, as consequências podem ser severas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permitiu que a venda da substância ocorra apenas mediante retenção de receita em farmácias autorizadas. Portanto, é essencial verificar a autenticidade dos medicamentos, consultando o número do lote nos sites da Anvisa ou do fabricante.
De acordo com André Camara de Oliveira, também endocrinologista, os medicamentos não autorizados podem provocar reações alérgicas graves, hipoglicemia, sepse e, em casos extremos, falência de órgãos. “Os pacientes podem estar se injetando com substâncias prejudiciais, causando infecções ou agravando condições de saúde existentes”, alertou. Oliveira indicou sinais de alarme, como suor frio e fraqueza, que demandam atendimento médico imediato, pois podem sugerir hipoglicemia causada por contaminantes.

